A seca prolongada está afetando a produção mineira de leite. De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), a principal conseqüência da redução da oferta do leite foi a estabilização dos preços ao longo da primeira quinzena de setembro. Mesmo em período de entressafra, os preços do produto acumularam queda de 6% entre julho e agosto. O índice de queda registrado na captação ainda será levantado.
De acordo com o analista de Agronegócio da assessoria técnica da Faemg, Rodrigo Padovani, a estiagem e a redução da renda dos produtores são os principais fatores que estão promovendo a redução da oferta de leite.
O cenário deve perdurar até o final de outubro, quando está previsto o início do período chuvoso. Para os próximos meses a expectativa é de mercado estável com tendências de alta nos valores de comercialização do produto. O litro de leite está cotado a R$ 0,70.
"A tendência é de valorização dos preços que também serão influenciados pelo aumento dos custos de produção, já que foi registrada valorização nos preços do milho e da soja, principais componentes para a produção de ração bovina. Ainda não definimos um índice de crescimento nos preços do leite, mas na região Sul do país a expectativa é de uma valorização de 3,6%", disse Padovani.
Outro fator que também está contribuindo para que ocorra incremento nos preços do leite mineiro é a redução das importações provenientes do Uruguai, o que contribuiu para a redução da oferta do produto no mercado interno. Segundo Padovani, com a redução dos preços do leite no mercado interno registrada entre julho e agosto, a importação ficou inviável.
Balança - De acordo com os dados divulgados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a balança comercial de lácteos fechou o mês de agosto com déficit de US$ 7,4 milhões. O valor é resultado da diferença entre US$ 17,5 milhões gastos com as importações e US$ 10,1 milhões obtidos com as exportações.
Apesar do resultado novamente ser negativo no mês passado, o déficit de agosto é o segundo menor do ano, o que reflete a redução no ritmo das importações. Em agosto, as aquisições de outros países caíram 39% na comparação com o resultado de julho. As importações de leite em pó, soro de leite e queijo foram as que mais caíram.
O déficit da balança comercial de lácteos no ano vem despertando a preocupação do setor leiteiro. O déficit na balança comercial de lácteos é de US$ 93,2 milhões, no acumulado de 2010 até agosto, o que representa 66,4% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Os principais problemas levantados pelo setor são a falta de justificativas para as importações, já que a produção do país é suficiente para abastecer o mercado e como os produtos são utilizados. A CNA já enviou ao governo federal um pedido para que o destino dos produtos importados seja identificado.
De acordo com Padovani, o ingresso dos produtos uruguaios no mercado brasileiro acontece na região Sul do país. "Minas Gerais não importa produtos lácteos. A interferência negativa na cotação se deve aos produtos serem comercializados, principalmente, com São Paulo. O Estado vizinho é um dos principais compradores do soro e leite mineiros".
Outro problema enfrentado no mercado brasileiro e mineiro é que, ao ingressar no mercado local, o leite uruguaio não paga imposto. Já o leite mineiro, ao ser vendido para outros estados, é taxado em 12% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). A questão tributária coloca o produto em desvantagem ao concorrente uruguaio dentro do território nacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG