A rede de farmácias Drogal, hoje com 61 lojas e com meta de chegar a 100 lojas até 2012, é uma empresa com ampla participação de vendas no interior de São Paulo e Região do Grande ABC, mas resolveu diversificar sua atuação - vai entrar no setor óptico, com a meta de chegar a 2011 incomodando o segmento liderado por empresas como a Fotótica e a Óticas Carol. A proposta da família Cançado, dona da Drogal, que está na terceira geração à frente do negócio, é dar espaço para a ampliação da rede Óticas Drogal, criada este ano e que era vista como um negócio experimental.
O braço de óticas conta atualmente com quatro unidades e a proposta é ampliar a atuação dessa marca para ter maior importância na receita do grupo, guardada a sete chaves, com previsão da abertura de cinco novas lojas de equipamentos visuais até 2011. "Estamos em fase final da abertura de uma Ótica Drogal em Americana, na Região Metropolitana de Campinas, e para o ano que vem o objetivo é continuar ampliando também neste setor", afirmou Marcelo Cançado, diretor executivo da Drogal. De acordo com ele, a criação de uma marca voltada ao segmento de ótica - com o conceito de loja sempre criado ao lado de uma unidade da farmácia -, foi o de buscar a fidelização dos clientes e um maior giro de consumidores.
A ação teria sido a solução encontrada pelos executivos da Drogal para continuar também crescendo no mercado, ao investir em uma diversificação de seus serviços. "Por também ser um assunto voltado para a área de saúde, achamos que a oportunidade de ficarmos dentro do segmento de ótica seria muito positiva", argumentou Cançado.
Para o executivo, a expansão pequena das óticas, comparada ao número de unidades abertas de farmácias, é uma questão de burocracia. "Apostamos, sim, no segmento, mas há no ramo de ótica uma série de medidas que precisamos tomar, desde tecnologia, até a qualidade de produtos. Por isso, estamos expandido com calma", afirmou ele.
Para não perder o fôlego na área de venda de medicamentos, a rede irá inaugurar mais nove unidades até o fim de dezembro. Isso faz parte do programa de expansão da Drogal - que completou 75 anos este mês. A empresa investiu ao longo de 2010 cerca de R$ 12 milhões visando, na área de farmácias, a abertura de 30 novas unidades - agora faltam nove para completar o projeto, que segue até dezembro.
Apesar de 2010 ter sido um ano positivo, com cerca de 30% do crescimento das vendas em geral, Cançado acredita que os próximos anos serão ainda mais promissores. "Até 2012 chegaremos a 100 unidades [na área de farmácias]. Esse é o projeto. Além disso, ampliaremos nossos serviços e daremos mais opções ao público. A partir do ano que vem, já traremos novidades exclusivas da rede, que irão alavancar as vendas", estima Cançado, sem anunciar quais novidades serão colocadas aos clientes.
O executivo, que é sobrinho do fundador da rede, ainda lembrou que o comércio eletrônico (e-commerce) também é uma forte tendência. "É difícil partir para o e-commerce em redes farmacêuticas, mas é uma tendência e ano que vem teremos novidade."
Histórico
A rede Drogal teve sua primeira unidade aberta em agosto de 1935, quando Cyro Lopes Cançado, recém-chegado de Belo Horizonte (MG), associou-se a um outro empresário do ramo e abriu a primeira unidade em Piracicaba (SP). Na década de 1950, entraram no negócio seu filho José Cançado e o genro Paulo Afrânio Lessa, que criaram a empresa Cançado & Lessa, com o nome fantasia de Farmácia do Povo.
Com a abertura de novas filiais e para a consolidação no mercado farmacêutico, a empresa sentiu a necessidade do desenvolvimento da própria marca, surgindo então, em 1982, o nome Drogal. A tradição familiar, que hoje já atinge a terceira geração da família Cançado, é um dos fatores que impulsionam os bons números do negócio, segundo Marcelo Cançado. "Temos tradição, ambiente familiar e características antigas que fidelizam os clientes, sem nunca esquecer de trazer novas opções para a pessoa física e para grandes empresas".
Hoje Cançado mensura que 40% dos negócios realizados pela Drogal são provenientes de parcerias com empresas privadas. "Fazemos convênios, descontos em cheque, ou facilidades de pagamentos com várias empresas, e isso responde por uma grande parcela da nossa receita. Esse tipo de cliente é extremamente importante, e queremos continuar com eles", disse.
Expansão na capital
Presente em 26 cidades do interior de São Paulo e ABC, a Drogal ainda não vislumbra planos de vir para a capital paulista. O motivo, de acordo com Cançado, é que ainda há muito que crescer nas cidades do interior. "Não que aqui não haja competição ou que o mercado seja mais leve, pelo contrário. Por isso ainda temos muito que crescer nas cidades do interior, antes de ir para a capital".
Antes de ingressar uma nova unidade em cidades do interior, o processo da Drogal, de acordo com Cançado, é criterioso. "Fazemos estudos sobre a cidade, vemos viabilidade de abertura e então partimos para um novo município. Até por nossa característica familiar, preferimos cidades próximas a Piracicaba, onde fica nossa sede".
Quebra de patente
O crescimento de 30% nas vendas de 2010, previsto pelos executivos da Drogal, também é reflexo do bom desempenho das vendas do genérico do Viagra, remédio para disfunção erétil, que provocou uma forte expansão de mercado para esse produto em razão da queda nos preços e a popularização do medicamento.
Há três meses no mercado, o genérico ajudou o bom desempenho na Drogal. "As vendas cresceram consideravelmente desde a quebra da patente. E assim espero que continue. Há em processo de quebra, remédio para cariologia, por exemplo. Quando isso acontecer, as redes varejistas vão prever crescimentos enormes. E nós também", disse.
Veículo: DCI