Alimentação deixou de ser vilã

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A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se desacelerou de 0,28% em agosto para 0,26% em setembro, no menor nível desde setembro do ano passado, quando o índice havia avançado 0,18%. A informação foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A valorização do dólar em relação ao real, no entanto, preocupa economistas com relação à dinâmica dos preços.

 

Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,76% no ano e de 6,25% nos últimos 12 meses. A coordenadora de índices de preços do instituto, Eulina Nunes dos Santos, disse que a taxa acumulada nos últimos 12 meses vem decrescendo desde agosto, basicamente por causa dos recuos de preços dos alimentos.

 

Os produtos alimentícios registraram deflação de 0,27% no mês passado, mais intensa do que a queda apurada em agosto, de 0,18% Já os não alimentícios registraram alta de 0,42% em setembro, na mesma variação de agosto.

 

Segundo Eulina, o efeito da queda nos preços dos produtos alimentícios em setembro não foi ainda mais forte na inflação do mês passado porque outros grupos mostraram aceleração de preços, como artigos de residência (0,23% em agosto e 0,37% em setembro); vestuário (0,39% para 0,70%); saúde e cuidados pessoais (0,32% para 0,46%); despesas pessoais (0,73% para 0,80%) e transportes (0,06% para 0,39%).

 

Indagada se essas acelerações em alguns grupos pesquisados mostram influência da alta do dólar na inflação de setembro, Eulina disse ser possível, apesar de ressaltar que os dados não mostram claramente esses efeitos. "Ainda não está claro se há alguma influência do dólar nesses reajustes, talvez exista alguma (influência) em artigos de residência e vestuário, mas ainda é difícil observar (esse efeito)", afirmou.

 

Eulina disse que os efeitos do dólar sobre o IPCA costumam ocorrer primeiro nos produtos alimentícios e artigos de limpeza e cuidados pessoais. Sobre a inflação em outubro, ela disse que as principais pressões virão dos reajustes dos preços de cigarros e na tarifa de água e esgoto em São Paulo.

 

Surpresa - O economista-chefe da SulAmérica de Investimentos, Newton Camargo Rosa, foi surpreendido pela evolução do IPCA, pois esperava alta bem menor, de 0,17%. Segundo ele, apesar de o resultado ter sido inferior ao de agosto e o grupo "Alimentação" ter apresentado uma deflação mais intensa, os preços do grupo serviços preocupam.

 

"A queda da (dos preços do grupo) alimentação até veio mais ou menos em linha com as nossas estimativas, mas a surpresa maior veio da pressão em cima de serviços e demais preços", disse. "Nesse dado de setembro, a dinâmica da inflação reflete muito o comportamento da demanda doméstica. Então, realmente, ela é uma preocupação e está em linha com os argumentos apresentados pelo Banco Central (BC) até o mais recente Relatório de Inflação."

 

De acordo com Camargo Rosa, o preço dos produtos alimentícios já dá sinais de esgotamento de queda em outros indicadores de inflação e deixará de aliviar a inflação como fez em setembro e agosto. Ele não descartou também que algum efeito da alta dólar seja captado pelo IPCA. (AE)

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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