Produtor quer explorar novos nichos de mercado.
Mesmo enfrentando um cenário crítico, os cafeicultores mineiros buscam certificar suas propriedades, com boas práticas agrícolas, visando abrir novos nichos de mercados e criar novas possibilidades de comercialização dos seus produtos. De acordo com o assessor especial do Café da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Wilson Lasmar, a meta no Estado é certificar 380 propriedades ainda neste ano e chegar em 2011 com 1,5 mil propriedades nestas condições.
De acordo com Lasmar, o processo de certificação teve início em 2006 no Estado, e é composto por um extenso cronograma, com os produtores passando por adequações nas propriedades através da assistência contínua da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG). "A importância da certificação é possibilitar o acesso aos produtores que pagam valor inferior ao preço de uma saca de café para participar do processo", considerou.
A vantagem para o produtor, segundo apontou o assessor, é que o mercado busca por produtos diferenciados e bem produzidos. Com isso, é possível captar novos mercados e até conseguir melhores possibilidades de venda. "O universo ainda é pequeno mas, ainda com a certificação não garantindo preços melhores, faz com que o produtor comercialize seus produtos com mais facilidade no mercado", destacou.
Segundo Lasmar, a procura por certificação está aumentando no Estado. Atualmente, 1.147 propriedades estão sendo acompanhadas para serem certificadas, com tendência de aumento em função de mercado. Regiões como Zona da Mata, Sul de Minas e cerrado contam com o maior volume de propriedades atendidas.
Custos - Mesmo passando pelo processo de certificação, o mercado está difícil com muitos produtores enfrentando preços baixos e custos de produção em alta, principalmente em função dos preços dos insumos. "Enquanto os custos se mantém em torno de R$ 300, o preço médio da saca de café está em R$ 260. Além disso, o segmento cafeeiro em Minas já registra, em uma perspectiva preliminar, uma perda de 20 mil hectares, que devem ser responsáveis pela redução de algo entre 800 mil a 1 milhão de sacas de café na próxima safra", adiantou.
Para o assessor da Comissão Técnica de Café da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), o mercado de café praticamente parou com a falta de crédito no segmento e a certificação é um trabalho que tem oferecido um bom desempenho para os cafeicultores do Estado. "Trata-se de um diferencial que gera uma nova dimensão de qualidade para o produto mineiro", observou.
De acordo com Pontes, o setor está lutando por sustentabilidade e, em termos de produção de café no mundo, o Brasil está à frente de outros países. "Quando o produtor possui uma certificação da atividade, ele mostra que as regras de produção são mais rígidas quando comparadas às concepções mundiais e isso torna-se uma vantagem para o produto", afirmou.
Em um período como este, em que a crise norte-americana começa a afetar a economia, se o produtor não conseguir valores mais altos pelo produto, pelo menos conseguirá escoar sua produção com mais facilidade. "Em um momento de crise, o produto certificado oferece melhores resultados além de ser uma forma de melhorar a gestão na propriedade que pode render acréscimos na renda dos produtores", afirmou.
Os cafeicultores acompanharam as outras commodities agrícolas sofrendo altas consecutivas no decorrer de 2008 enquanto o café não consegiu alavancar seus patamares. "Hoje o cenário é crítico e, mesmo com a alta na moeda norte-americana, os preços do grão estão se deteriorando por causa dos custos que não param de reduzir a renda dos produtores. A preocupação é crescente no setor por causa da falta de crédito, quebras na produção e os custos que tanto impactam na produção", afirmou.
Veículo: Diário do Comércio - MG