A Camil Alimentos cumpriu mais uma etapa de um projeto de expansão que ganhou força a partir de 2007 e adquiriu uma indústria de arroz em Itapecuru Mirim, no norte do Maranhão. Com unidades de produção de arroz branco e parbolizado e capacidade total para 60 mil toneladas por ano, a unidade pertencia ao grupo maranhense B.B. Mendes, do empresário Benedito Bezerra Mendes, que segue com outros negócios, inclusive na área de cerâmicas. O negócio também abarca as marcas Arroz Bom Maranhense e Saboroso.
O valor da operação não foi divulgado, mas segundo Luciano Quartiero, diretor financeiro da Camil, com a compra da fábrica no Maranhão os investimentos realizados pela companhia em expansão de capacidade e aquisições já somam R$ 400 milhões desde 2007. Naquele ano, o grupo brasileiro comprou a Saman, maior empresa de arroz do Uruguai e grande exportadora. Em 2008, ganhou musculatura no Rio Grande do Sul, maior Estado produtor do cereal do Brasil, e em 2009 adquiriu a Tucapel, líder no Chile.
Agora, com a tacada no Maranhão, a Camil dá prosseguimento ao fortalecimento de suas operações domésticas, desta vez no crescente mercado nordestino. Quartiero esclarece que os produtos da Camil já chegam ao Maranhão, mas realça o ganho competitivo com a nova aquisição. Da fábrica em Itapecuru Mirim, que receberá aportes de R$ 10 milhões em 18 meses para dobrar a produção e ampliar as capacidades de recebimento de matéria-prima e secagem, a companhia pretende avançar também em Piauí e Pará.
O executivo adianta que a base produtiva maranhense também trabalhará com marcas que já pertencem à Camil. A escolha do ativo que pertencia ao B.B. Mendes levou em consideração que a indústria adquirida é nova - tem menos de três anos -, que o Maranhão disputa a terceira posição entre os maiores Estados produtores de arroz do país com Mato Grosso e que o consumo per capita local do cereal é superior à média nacional.
Até agora, a Camil atendia à demanda do Nordeste por meio de uma unidade em Recife (PE), com capacidade também para 60 mil toneladas por ano, e filiais de distribuição em São Luís, Fortaleza, Maceió e Salvador. Nos próximos 18 meses, adianta Luciano Quartiero, não estão descartados novos investimentos no Nordeste - que também é atendido, por cabotagem, pela produção da empresa no Rio Grande do Sul e mesmo por cargas enviadas a partir do Uruguai em alguns períodos.
Com a expansão, a Camil estima que a participação do Nordeste em seu faturamento no Brasil poderá chegar a 25%. Em 2009, as vendas totais no país somaram R$ 1 bilhão, enquanto as receitas oriundas das frentes no exterior representaram outros R$ 500 milhões. Em 2010, a expectativa é repetir o resultado total. Do faturamento, que dobrou de 2007 para cá, as linhas de arroz respondem por 80%, enquanto as vendas de feijão, também crescentes, ficam com 15%. Outros produtos compõem os 5% restantes.
Incluindo o Maranhão, a Camil conta com 12 plantas no Brasil, nove no Uruguai e três no Chile. E, segundo Quartiero, a prospecção que a empresa continua fazendo no Brasil e em outros países da América Latina deverá render novos frutos nos próximos 12 a 18 meses.
Veículo: Valor Econômico