Tetra Pak : A dona do pedaço

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Como a Tetra Pak mantém, há décadas, a hegemonia absoluta no mercado de embalagens que leva seu nome

 

Dentro de um supermercado, é difícil achar uma seção onde ela não esteja. Nas gôndolas de leites, de sucos, de extratos e polpas de tomate, nas geladeiras e até na seção de vinhos, lá está a caixinha da Tetra Pak. Grandes fabricantes de alimentos prontos, como Nestlé e Brasil Foods, de lacticínios, como Bom Gosto, e de sucos, como a Femsa, precisam das máquinas e embalagens da companhia para produzir. 

 

Essa é a parte visível de um assunto que só os números podem explicar: estima-se que a Tetra Pak tenha 95% desse mercado nas mãos. Ou seja, quase toda a indústria de alimentação tem alguma dependência dela. Operando em 170 países, a companhia faturou, no ano passado, € 8,95 bilhões. Aqui, a estimativa é de que o faturamento de 2009 tenha chegado a R$ 1,58 bilhão. “Nossas receitas aqui já se igualaram às da China”, disse à DINHEIRO o presidente mundial da companhia, o sueco Dennis Jönsson, 54 anos.
 


Desbancar a Tetra Pak da liderança não é impossível, mas será uma tarefa difícil, porque a empresa amarra muito bem os contratos com os clientes, o que lhe permite um planejamento de longo prazo. “Nossa expectativa de crescimento é de 6% a 7% ao ano durante os próximos dez anos”, diz Paulo Nigro, presidente da companhia para a América Latina.
 


“No resto do mundo, nossa meta básica é manter um crescimento anual de 5% nesse mesmo período”, completa Jönsson. O modelo de negócio mais praticado pela empresa, segundo especialistas do mercado, é entregar as máquinas para os clientes em regime de comodato (de graça) e ganhar com o fornecimento de embalagens e com os contratos de assistência técnica.
 


Assim, é impossível para um fabricante de leite, por exemplo, trocar o fornecedor da embalagem sem trocar toda a linha de produção. Outros incômodos conhecidos pelos especialistas são o preço (enquanto uma caixinha custa ao redor de R$ 0,30 no Brasil, custaria quase metade na Europa) e os longos prazos dos contratos.
 


Os clientes criticam, ainda, os eventuais aumentos de preços. Por causa dessas práticas, a Tetra Pak já foi chamada para dar explicações nas Assembleias Legislativas de vários Estados. “Somos fortes nos mercados porque olhamos para eles com cuidado e investimos muito.
 


Houve lugares onde demorou 20 anos para termos resultados”, explica o CEO da empresa. Além disso, cerca de sete mil itens das máquinas e embalagens da Tetra Pak estão protegidos por patentes, o que retarda os concorrentes. Há 53 anos no País, líder absoluta de mercado, a Tetra Pak não está mais sozinha.
 
 
 
Começou a se incomodar com a suíça SIG Combibloc, que agora tem 5% do mercado. “Temos um quinto do tamanho do concorrente, mas estamos crescendo a 50% ao ano”, afirma o presidente da empresa no Brasil, Ricardo Rodriguez. Hoje, o setor de embalagens no Brasil fatura cerca de R$ 37 bilhões anualmente.
 


Desse valor, as embalagens que a Tetra Pak e a SIG produzem representam cerca de R$ 1,66 bilhão segundo a consultoria Datamark. Embora Jönsson venha ao País ao menos uma vez por ano, sua última visita coincide com um grande movimento do concorrente: é que a SIG começou a construir sua primeira fábrica de embalagens no Brasil.
 


Fica em Campo Largo (PR), vai custar cerca de € 90 milhões e começa a operar no segundo semestre de 2011. Não é à toa. O Brasil está entre os mercados que mais crescem no mundo, diz Jönsson, da Tetra Pak.
 


“Para manter a liderança, precisamos atender com rapidez às solicitações dos clientes”, acrescenta. Entre essas demandas está o aumento da produção de embalagens. “Estou ampliando nossa fábrica em Monte Mor, mas depois disso ela não pode mais crescer. O passo seguinte será construir uma terceira fábrica”, explica.
 


A dependência da Tetra Pak pode até emperrar novos projetos da indústria, “mas os sistemas deles são uma garantia para quem produz, porque o processamento e a embalagem trabalham juntos. Quando há um fornecedor para cada coisa e aparecem problemas, costuma haver um jogo de empurra”, diz Antonio Cabral, coordenador do curso de engenharia de embalagem do Instituto Mauá de Tecnologia.

 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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