Banco se comprometeu a subscrever a totalidade das debêntures que serão emitidas pela companhia como forma de se capitalizar
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se comprometeu em contrato a subscrever até a totalidade da emissão de debêntures no valor de R$ 1,099 bilhão aprovada pelo conselho de administração da companhia. A operação vai capitalizar a empresa para o pagamento da compra do laboratório Neo Química, em dezembro de 2009, e manter seu apetite de aquisições.
Como revelou o Estado em janeiro, o BNDES negociava desde o ano passado uma forma de capitalizar a Hypermarcas por meio da sua subsidiária de participações, a BNDESPar, como forma de sustentar o avanço da empresa no setor farmacêutico, considerado estratégico pela política industrial do governo.
Em fato relevante, a Hypermarcas informou que a emissão privada será de 1.097.450 debêntures simples. A compra da Neo Química custou à Hypermarcas R$ 686,7 milhões e uma troca de ações que elevou o negócio a R$ 1,4 bilhão. Com a capitalização da BNDESPar, a empresa melhora seu perfil de endividamento e recupera musculatura financeira para novos negócios.
Estratégia. Preocupado com as aquisições de farmacêuticas brasileiras por multinacionais, especialmente no segmento de genéricos, o BNDES mudou sua política de incentivo ao setor este ano. Tenta se tornar sócio das empresas, a maioria de médio porte e administração familiar, para estimular a abertura de capital e a consolidação. O objetivo é ter empresas de capital nacional mais robustas, resistentes ao assédio das múltis, com capacidade de investir no desenvolvimento de medicamentos e de disputar mercado no exterior.
Com cinco aquisições só em 2009, o estilo da Hypermarcas e a disposição de avançar no setor farmacêutico acabou se aproximando dos objetivos do BNDES. Com a compra da Neo Química, a empresa alcançou o terceiro lugar entre os laboratórios brasileiros e colocou os pés no lucrativo segmento de genéricos. Em 2008, pouco depois de abrir capital, a Hypermarcas já tinha incorporado o laboratório Farmasa, liderando o mercado de medicamentos sem prescrição.
Além disso, a Hypermarcas aumenta sua participação nos segmentos de cosméticos, limpeza e alimentos. Na área de higiene pessoal, uma das últimas aquisições da empresa foi a York, em março, formalizada recentemente por R$ 95 milhões. "Com a aquisição da Neo Química, a Hypermarcas amplia sua capacidade de investimento, sobretudo em atividades de inovação", declarou o BNDES ontem, em nota. O banco ressaltou que o apoio à companhia é feito com instrumentos e condições de mercado.
Empresa fez cinco aquisições só este ano
Desde que foi criada, há nove anos, a Hypermarcas, a maior empresa de bens de consumo de capital nacional, acumula mais de 30 aquisições. Só este ano, foram cinco.
Em março, comprou a fabricante e distribuidora de hastes flexíveis, curativos, absorventes e algodões York, por R$ 95 milhões; a empresa do segmento de higiene bucal Facilit, por R$ 79 milhões; a fabricante de fraldas Sapeka, um negócio de R$ 370 milhões, em dinheiro e ações; e a Luper, fabricante de medicamentos como Gastrol e Virilon, por pouco mais de R$ 50 milhões.
Em agosto, comprou a fabricante de fraldas e absorventes Mabesa, por R$ 350 milhões.
Capital
R$ 1,4 bilhão
foi o valor total da compra do
laboratório Neo Química pela Hypermarcas no ano passado, sendo R$ 686 milhões em dinheiro e o restante em troca de ações
1,097 milhão
de debêntures simples serão emitidas pela Hypermarcas para se capitalizar e prosseguir em seu plano de aquisição de empresas. O BNDES se comprometeu a subscrever o total dessas debêntures
Veículo: O Estado de S.Paulo