A safra 2010/2011 de arroz no Estado será mais produtiva do que a anterior, mas a remuneração ao agricultor ameaça ser menor. No sábado, em Camaquã, durante a Abertura Oficial do Plantio da Safra do Arroz, produtores expressaram sua preocupação com a queda do preço do cereal no mercado. Hoje, o valor é de R$ 25,86 a saca, enquanto já foi de R$ 33,04 em janeiro. O valor atual é apenas seis centavos acima do preço mínimo estabelecido pelo governo.
“O preço ideal seria entre R$ 35,00 e R$ 40,00. O setor não está tendo renda”, resume Renato Caiaffo da Rocha, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). O preço líquido pago ao produtor é de R$ 25,41. Levantamento da entidade aponta que 24 dos 33 municípios produtores estão operando no limite ou abaixo do preço mínimo.
“Enquanto o preço da saca cai, o que se cobra do consumidor permanece igual nos últimos meses. Alguém está ganhando no caminho, e não é o produtor”, aponta Rocha. O setor também está preocupado com o mercado externo, devido à queda do dólar e à importação de arroz argentino, cujos custos de produção são inferiores aos brasileiros.
Com a moeda cotada em R$ 1,66, a importação de arroz deverá chegar a 1 milhão de toneladas na próxima safra, enquanto serão exportadas apenas 400 mil toneladas. No período de safra 2009/2010, foram importadas e exportadas 900 mil toneladas.
Apesar das expectativas de mercado desfavoráveis, as previsões de produção são elevadas sobre a safra anterior. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a área cultivada chegará a 1,12 milhão de hectares (ha), uma suave elevação de 3% sobre a safra 2009/2010. A produtividade total está estimada entre 6,4 kg/ha e 6,9 kg/ha, um acréscimo de até 9% sobre o período anterior.
Até a abertura oficial, 18% da área prevista já estava cultivada, o que é atribuído às condições climáticas favoráveis. Os acréscimos resultarão em uma produção total de 7,4 milhões de toneladas, aponta o levantamento da Federarroz, um aumento de 11% sobre o período anterior. “Esta é uma estimativa conservadora, poderá melhorar de acordo com as condições para produção e comercialização”, disse Rocha.
Um dos pontos favoráveis para o plantio é a recuperação das estruturas de irrigação e dos mananciais no Rio Grande do Sul, apesar de alguns problemas pontuais em bacias. “Verificamos a recuperação dos mananciais hídricos nos municípios produtores”, comentou o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Mauricio Fischer.
Os agricultores reivindicam R$ 1,5 bilhão do governo para garantir rentabilidade. As reivindicações de desoneração, sustentação de preços e incentivo às exportações, cujo movimento se iniciou em 2009, devem ser reforçadas nas próximas semanas, com a convocação da frente parlamentar para pressionar Brasília. Do governo do Estado, exigem intensificação na luta contra a guerra fiscal e a elevação de recursos do Banrisul.
Veículo: Jornal do Comércio - RS