Oferta de alimentos deve crescer menos em 2009

Leia em 2min 40s

Abia prevê que o crescimento na produção, de 5% este ano, cairá para cerca de 3,5% no ano que vem

 

A queda na produção de alimentos em agosto, que puxou para baixo os dados nacionais e regionais da indústria, poderá se acelerar com a crise mundial. A possível influência na inflação e nas demandas externa e doméstica, será um desafio para os próximos meses. O diretor de Economia da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Denis Ribeiro, acredita que o setor vai desacelerar o crescimento na produção, de cerca de 5% este ano, para algo em torno de 3,5% no ano que vem.

 

A queda de 7,4% em agosto ante igual mês do ano passado, contabilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi atribuída a produtos voltados para exportação, como suco de laranja e cana-de-açúcar, mas atingiu 63% dos itens desse setor. Segundo Ribeiro, os dados da Abia, ao contrário do IBGE, não mostram recuo no setor em agosto. Ele argumenta que, enquanto a associação computa dados referentes a produtos de ponta da cadeia produtiva, de maior valor agregado, os resultados oficiais referem-se sobretudo à agroindústria.

 

O diretor da Abia explicou que em curtíssimo prazo a preocupação das empresas está concentrada no crédito à exportação e no financiamento à nova safra. Segundo ele, a expectativa é que as providências anunciadas pelo governo sejam suficientes para garantir os recursos para produtores de matérias-primas e exportadores.

 

A preocupação com a crise, no longo prazo, volta-se aos efeitos que o dólar terá sobre a inflação e o poder de compra dos trabalhadores. De acordo com Ribeiro, a alta dos alimentícios afetou as vendas reais da indústria em agosto, que caíram 7,3%, mesmo com crescimento, segundo a Abia, de 0,8% na produção no período.

 

Segundo o IBGE, a indústria alimentícia representou o principal impacto negativo na produção industrial em agosto ante julho - comparação na qual retraiu 3,1% - e ante igual período do ano passado.

 

André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE, explica que a atividade de alimentos tem peso de 12% na produção industrial, o maior peso entre todos os setores. O de veículos automotores, por exemplo, não ultrapassa 10%.

 

Ele atribui o mau desempenho de alimentos em agosto a três produtos: açúcar, por causa do direcionamento da produção das usinas para o álcool; suco de laranja, em conseqüência da queda de preços internacionais, e carne, refletindo a falta de animais para abate. A castanha de caju, produzida no Nordeste, também é citada como destaque de queda.

 

O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Unicamp, Julio Sérgio Gomes de Almeida, disse que o mau desempenho está estreitamente vinculado ao mercado doméstico e a uma possível queda no consumo de alimentos por causa da forte inflação desses produtos no primeiro semestre. Apesar da deflação em agosto e setembro, os alimentos acumulam alta de 9,3% no IPCA de janeiro a setembro.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Importação de arroz deve ser mais limitada

A recente valorização do dólar, somada ao aumento dos preços internacionais do arroz nos &ua...

Veja mais
Salário aumenta 15% a cada ano de estudo, diz FGV

Pesquisa comparou renda de analfabetos e pós-graduados   Cada ano a mais de estudo de um trabalhador pode...

Veja mais
Farinha de trigo continuará sem mandioca

PROJETO INDIGESTO   O presidente Lula vetou integralmente o projeto de lei que exigia a adição de a...

Veja mais
Mulher é envolvida por ondas de chocolate em novo filme da Lacta

Já está no ar o novo filme publicitário de Lacta, que explora o chocolate ao leite da marca atrav&e...

Veja mais
Anvisa proíbe o uso de sabonetes e shampoos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou como medida de interesse sanitá...

Veja mais
Preços de frutas e verduras caem no varejo

A primavera — que parece ter chegado apenas no calendário deste ano — poderá nos próxim...

Veja mais
Recolhidos 2 mil brinquedos

Fiscais da Superintendência de Qualidade do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (Ipem/RJ) des...

Veja mais
Estoque garante preço nos supermercados

No Natal deste ano os supermercados mineiros devem continuar repletos de produtos importados. Mesmo com um dólar ...

Veja mais
Alimentação deixou de ser vilã

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se desacelerou de 0,28% e...

Veja mais