Pesquisa comparou renda de analfabetos e pós-graduados
Cada ano a mais de estudo de um trabalhador pode aumentar em 15% sua remuneração. Isso é o que aponta o Índice Você, divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que toma como base os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, o porcentual é resultado da diferença entre a remuneração dos dois extremos da pirâmide educacional brasileira: analfabetos e indivíduos com 18 anos de escolaridade. “O salário médio nacional de uma pessoa sem nenhuma instrução é de R$ 401, enquanto o de um trabalhador com 18 anos de escolaridade chega a R$ 5,027 mil”, detalha Marcelo Neri, coordenador do índice. E o salário dos trabalhadores vai aumentando a cada ano escolar. “Isso dá uma diferença média anual de 15%.”
As oportunidades de ocupação, no entanto, não crescem no mesmo ritmo da remuneração. Entre um analfabeto e um indivíduo com 18 anos de estudos, a maior probabilidade de o segundo conseguir emprego cresce apenas 3,38% a cada ano.
O maior salto de remuneração ocorre quando um trabalhador de nível superior, com 15 anos de estudos, ingressa em uma pós-graduação. “Com apenas um ano a mais de estudo, os salários podem crescer 47,39%.” Mas isso não significa que mais portas vão se abrir ao trabalhador. “As oportunidades, porém, crescem em ritmo mais lento, de 1,26%”, acrescenta o economista.
A alfabetização também representa um importante salto de renda. A diferença de rendimentos entre uma pessoa sem nenhum ano de estudo com a de um trabalhador com apenas um ano de escolaridade chega a 6,88%. Neste caso, as oportunidades de conseguir um emprego também aumentam, sendo 13,98% maiores para os que estudaram.
EFEITO DIPLOMA
A pesquisa mostra, também, que começar um curso superior e não terminá-lo pode ser um péssimo negócio. A diferença salarial entre uma pessoa que concluiu o ensino médio e a de um trabalhador que tem apenas o primeiro ano de faculdade chega a 19,5%. Em contrapartida, a probabilidade de se conseguir um emprego fica negativa em 2,88%.
“Ocorre neste caso o chamado ‘efeito diploma’. Isto ocorre porque o indivíduo não pode concorrer a vaga de formados, mas tem mais qualificação que uma pessoas apenas com ensino médio. Torna-se mais difícil encontrar uma ocupação”, explica Marcelo Néri.
Veículo: O Estado de S.Paulo