Empresa quer ficar com 65% da Nilza em troca de assumir passivos que chegam a R$ 429 milhões
A Airex Trading Logística, Importação e Exportação Ltda. propôs assumir os 65% da Indústria de Alimentos Nilza pertencentes ao empresário Adhemar de Barros Neto em troca do passivo de R$ 429 milhões da companhia, dos quais R$ 229 milhões são dívidas incluídas no plano de recuperação judicial.
A proposta fez com a que a assembleia de credores da Nilza, iniciada ontem pela empresa para avaliar outra proposta, fosse suspensa e adiada para o dia 8 de novembro.
A Airex, com sede em Manaus e escritório em São Paulo, foi criada recentemente para ser uma holding especializada em recuperação de empresas em dificuldades financeiras ou em recuperação judicial, de acordo com o sócio da companhia, o advogado Sérgio Antonio Alambert. A Airex assumiu e controla, há um ano, a MP Plastics, fabricante de para-choques de veículos com sede em Taubaté (SP).
Além de gerir o passivo da Nilza, a Airex propôs ainda pagar, no dia seguinte à aprovação pelos credores, a dívida trabalhista de R$ 5,185 milhões incluída no plano de recuperação judicial da companhia. A empresa prevê também injetar R$ 9 milhões para que a Nilza volte a produzir leite longa vida em até 60 dias. "Vamos dar preferência aos funcionários que já estavam na empresa e recontratá-los", disse Alambert à Agência Estado. "Fizemos um estudo e temos certeza que a Nilza é uma empresa perfeitamente viável", completou. A gestão da Nilza será feita pela Nova Visão, consultoria especializada em recuperação de companhias em crise.
Justiça. A decisão de ontem ainda precisa ser referendada pelo juiz Héber Mendes Batista, da 4.ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP), que comanda o processo de recuperação judicial da Nilza. Com o aval dos trabalhadores dado na assembleia, Batista deve autorizar a postergação do prazo para que a Nilza pague a dívida com os ex-funcionários, que terminaria amanhã. Caso a empresa não honrasse o compromisso, a falência poderia ser decretada.
Alambert revelou ainda que, além de assumir os 65% da Nilza que pertencem a Barros Neto, a Airex negociará a participação de 35% que pertence ao Fundo de Participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar). "Eu já conversei com os advogados do BNDESPar e teremos uma reunião na próxima semana para avaliar o assunto", disse. "Falei ainda com os principais credores e fornecedores e vamos contar com a compreensão de todos", concluiu.
Caso tenha sucesso, até o final do ano a Nilza deve reiniciar a produção de leite longa vida de sua marca homônima, que já foi uma das mais vendidas do País, bem como da marca Millenium, respectivamente nas unidades de Ribeirão Preto (SP) e Itamonte (MG).
Já a unidade de Campo Belo (MG), de acordo com Alambert, seguirá arrendada para a Novamix Indústria e Comércio de Alimentos.
A proposta de aquisição dessa planta processadora por um total de R$ 7,4 milhões - R$ 2,9 milhões já pagos pelo arrendamento e outros R$ 4,5 milhões para o pagamento de dívidas trabalhistas - foi o motivo original da assembleia de ontem. A proposta, no entanto, foi ignorada após o anúncio da Airex.
Veículo: O Estado de S.Paulo