Quem pretende comprar um eletrodoméstico vai pagar até 10,69% a mais do que teria gasto no Natal do ano passado, quando ainda vigorava a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para itens da linha branca. Mas os juros, que estão mais baixos hoje, podem atenuar o efeito do aumento nas prestações.
O benefício do governo para a indústria de eletrodomésticos, que terminou em 31 de janeiro, reduzia a alíquota de IPI das geladeiras de 15% para 5%; dos fogões de 5% para zero; e nas máquinas de lavar o imposto caiu de 20% para 10%. “Com a volta do imposto normal, os preços subiram quase que na mesma proporção”, justifica Irene Machado, gerente de pesquisa de preços do IBGE. “Além disso, a valorização do minério de ferro, que é usado na fabricação desses produtos, também contribuiu para o aumento.”
Os consumidores sentiram a mudança. Com planos de se casar no ano que vem, a assistente administrativa, Ellen Azevedo, 22 anos, foi morar com o namorado Celso Barbosa em maio e começou a mobiliar a casa no primeiro semestre. A compra da máquina de lavar foi um dos maiores gastos da lista.
“Pesquisei durante um mês inteiro em sites e lojas de rua”, conta. Ela desembolsou R$ 799 por um modelo 7kg, que chegou a encontrar por R$ 850. “Vi muitas diferenças e também notei alterações de preços semanais, inclusive perdi algumas promoções que achei que iam voltar”, conta Ellen.
Mas ainda que os produtos estejam mais caros, especialistas acreditam que o consumidor não vai desistir de comprar. “Assim como nos anos anteriores, os eletrodomésticos voltarão a ser um dos produtos mais vendidos neste Natal”, garante Guilherme Dietze, assessor econômico da Federação do Comércio (Fecomércio).
Para justificar sua afirmação, Dietze se apoia nas pesquisas de intenção de compra realizadas pela Fecomércio, que apontam índice de 141,1 para a disposição de consumo dos trabalhadores – o indicador varia de zero a 200, sendo que valores acima de 100 demonstram otimismo.
“As pesquisas mostram que o consumidor está satisfeito com o emprego, com sua renda, com seu consumo e acredita que tudo isso vai melhorar em um futuro próximo”, declara Dietze. “E essas características todas apontam diretamente para predisposição ao consumo de bens duráveis, que costumam ter um valor mais alto e por isso são pagos a prazo.”
Um fator que pode ajudar a garantir as vendas de eletrodomésticos é a queda dos juros. No Natal de 2009, os financiamentos aos consumidores custavam em média 42,7% ao ano, informa o Banco Central. Agora, a taxa média é de 39,9% ao ano.
Veículo: Jornal da Tarde