No segmento leiteiro de Minas Gerais, a situação também é preocupante. Segundo o gerente da Cooperativa dos Suinocultores da Zona da Mata (Coopersuínos), que atualmente trabalha somente com bovinos de leite e corte, José Geraldo Martins, os produtores estão estarrecidos com as quedas nos preços do leite, enquanto que os insumos destinados à alimentação dos animais não param de subir.
"O cenário ainda é indefinido, mas tudo aponta para um certo pessimismo no setor", avaliou. Segundo Martins, os produtores estão sem saber se conseguirão créditos suficientes para manter a atividade.
"Como se não bastasse, um dos grandes problemas também são os custos com insumos alimentares que, além de onerar os custos, continuam gerando grandes quedas na cadeia leiteira. Os produtores estão trabalhando quase que com recursos próprios e, com a queda dos preços no mercado, eles estão passando por uma situação crítica, sem perspectiva de sobrevivência a longo prazo", advertiu.
Na região, o preço do litro de leite está sendo comercializado entre R$ 0,45 e R$ 0,50, enquanto os custos estão entre R$ 0,75 e R$ 0,77 por litro. Segundo o gerente, esses preços, quando comparado aos custos de produção, estão minando as reservas dos produtores rurais, fazendo com que eles tenham que trabalhar com as contas no vermelho para continuar produzindo.
Frutsul - Conforme o diretor administrativo da Cooperativa dos Fruticultores do Sul de Minas (Frutsul), que trabalha com comercialização de tangerina poncan, Rafael Arcuri Neto, até o momento a crise não afetou os negócios dos produtores deste segmento. "O crédito agrícola, aparentemente, está sob controle, com os produtores conseguindo renovar os contratos", salientou.
De acordo com Arcuri, o cronograma do setor foi favorecido em função das datas de pagamentos de dívidas anteriores. "Normalmente, no mês de outubro os produtores realizam a quitação dos pagamentos referentes aos finaciamentos anteriores e, no decorrer de novembro, começam a receber os novos empréstimos", explicou.
Mesmo assim, os produtores não terão como escapar das altas dos preços dos fertilizantes e adubos, agora pressionados pela valorização da moeda norte-americana.
"Geralmente, neste mês começa a aplicação dos insumos nas lavouras e os custos vão pesar com a alta do dólar. Esses insumos já registraram aumentos que variavam entre 80% e 100% sem a variação daquela moeda. Os mais precavidos compraram os insumos. Quem não comprou, deverá gastar cerca de três vezes mais para manter a produção", afirmou Arcuri Neto.
Veículo: Diário do Comércio - MG