Makro entra em novas áreas

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Aumento da concorrência leva empresa a diversificar atuação

 

Pressionada pelo crescimento das redes de atacarejo - mistura de atacado e varejo - no Brasil, a rede atacadista holandesa Makro iniciou, há dois anos, uma grande virada em seu negócio. A principal mudança foi abrir as portas também para o consumidor final. Antes, atendia apenas pessoas jurídicas. Entrou também em novas áreas, como a de postos de combustíveis.

 

Agora, o grupo pretende aprofundar essa reformulação. Em 2009, serão aplicados mais R$ 240 milhões para a abertura de lojas e postos de combustíveis. “Queremos entrar naqueles Estados onde ainda não estamos e, naqueles em que já temos loja instalada, vamos buscar cidades importantes no interior. Estamos analisando também reforçar nossa presença em algumas capitais”, diz Rubens Batista Junior, presidente do Makro no Brasil.

 

Batista, que acumulava os cargos de vice-presidente executivo e de vice-presidente financeiro do Makro América do Sul, assumiu na segunda quinzena de abril a presidência da rede no Brasil, e pretende ampliar os modelos de negócios da empresa, para atingir novos mercados e também aumentar a participação de alguns públicos consumidores específicos em suas vendas.

 

Dentro dessa estratégia, R$ 1,2 milhão serão utilizados na criação do Speciale, um espaço dentro das lojas da rede voltado para donos de pequenos hotéis, restaurantes e cafés. O primeiro Speciale será aberto dentro da loja da Vila Maria, em São Paulo, no próximo dia 24. A loja da Vila Maria foi escolhida por ser a primeira do Makro no Brasil, aberta em 1972.

 

O espaço vai abrigar uma adega climatizada com mil rótulos de vinhos nacionais e importados, charutaria, embutidos, defumados, queijos, temperos e especiarias, chocolates finos e cafés especiais. “Queremos, nesse espaço, oferecer tudo o que um pequeno empresário do ramo de hotelaria ou gastronomia precisa para melhorar a oferta de produtos e serviços ao seu consumidor final”, diz Batista. “Somos grandes em refrigerantes e água, agora queremos ser os líderes em vinhos também.”

 

O número de clientes de pequenos restaurantes e hotéis foi o que mais cresceu para o Makro nos últimos anos. “Eles representavam 24% da base de clientes, há 3 anos, e atualmente são 30%”, diz Batista. O espaço também terá consultores especializados para orientar os pequenos empresários a combinar o vinho com o cardápio oferecido, por exemplo.

 

A empresa vai ampliar também o número de lojas com o serviço de entregas para empresas de hotelaria e restaurantes, o Makro Delivery. Atualmente, 14 lojas no Brasil oferecem o serviço, e até o fim do ano esse número deve chegar a 30. Será ampliado também o canal de televendas, que passará a fornecer, além de alimentos, eletroeletrônicos. “Queremos entender a necessidade e o perfil de cada nicho de mercado, para oferecer novas soluções e serviços”, diz Batista. Para 2009, ele pretende criar um espaço semelhante ao Speciale, porém voltado aos pequenos varejistas.

 

PROFISSIONAIS

 

O Makro não é o único atacadista a criar um espaço para clientes específicos. O Maxxi, bandeira de atacado do Wal-Mart, já tem em suas lojas os espaços Mundo do Dogueiro e Mundo do Padeiro, dedicados aos pequenos empresários de cachorros-quentes e pães.

 

“Oferecemos, além dos ingredientes para ele fazer o produto, as máquinas, panelas e equipamentos necessários”, diz o vice-presidente de operações de atacado do Wal-Mart Brasil, Marcelo Vienna. Já no Sam’s Club, que o Wal-Mart define como um clube de compras e que atende um público de poder aquisitivo maior que o Maxxi, existe o espaço Bakers & Chefs, voltado para profissionais da gastronomia.

 

Vienna afirma que, no Brasil, a bandeira Maxxi é a marca do Wal-Mart com maior potencial de crescimento. “Atendemos o pequeno empresário e clientes de menor renda, justamente quem mais tem impulsionado o consumo no País.” Ele afirma que a crise não afeta os planos de expansão da empresa - de investir entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão na abertura de 80 a 90 novas lojas com as nove bandeiras da rede em 2009. “O problema da falta de crédito afeta mais os setores de bens duráveis ou semiduráveis, e o impacto será pequeno para nós da área de alimentos.”

 

O gerente da divisão de varejo da consultoria Michael Page, especializada em recrutamento, diz que, até o momento, as redes de atacado e atacarejo não fizeram alterações em seus planos de expansão e contratações, mesmo com a crise financeira. “Estamos atendendo muitas empresas em seu planejamento estratégico de crescimento”, afirma. “O setor está muito aquecido, e mesmo com a turbulência dos últimos dias, a contratação de executivos continua, especialmente para novas lojas.”

 

Segundo ele, o Makro passou por diversas mudanças internas - não apenas na presidência -, e o Maxxi também planeja contratar vários executivos. “Os atacados estão investindo na adequação ao gosto do freguês e na busca de gente especializada para isso. Mesmo em meio à agitação financeira internacional, os investimentos não vão parar.”

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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