Apesar do aumento da consulta da inadimplência no País, a perspectiva para o período de vendas do Natal continua positiva e os analistas acreditam que os "calotes" serão sanados com o pagamento do 13° salário. Segundo o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, o comércio deve vender 12% a mais em 2010 do que nos dias que antecederam as festas de 2009. Há um mês, a previsão era de alta de 10% para a melhor data do ano para o setor. De forma geral, os números do comércio seguem positivos, com redução da inadimplência e aumento das consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que é um termômetro das vendas a prazo.
No acumulado do ano até outubro, as vendas subiram 8,27%, enquanto atrasos de pagamento caíram 2,15% em relação ao mesmo período de 2009. O aumento das vendas em outubro ante o mesmo mês do ano passado foi de 8,93%. Nessa mesma base de comparação, pode-se observar que a inadimplência recuou 7,54%, enquanto registrou um aumento de 1,24% de setembro para outubro.
Especificamente em relação à passagem de setembro para outubro, houve queda de 0,11% nas consultas ao SPC. Apesar de beirar a estabilidade, o recuo foi classificado de "decepcionante", pois aguardava-se novo avanço no período. Primeiro, porque o mês de setembro tem menos dias úteis que outubro. Depois, e principalmente, porque o mês passado contou com uma data comemorativa importante para o comércio: o Dia da Criança.
Nas vésperas da comemoração, o setor registrou um aumento de 12,8% das vendas na comparação com o mesmo período de 2009. De acordo com o presidente da CNDL, como o Dia da Criança foi positivo, é sinal de que o resto do mês não foi tão bom para o comércio. "O número é não é ruim, mas não era o esperado", comentou. Para novembro, a expectativa é positiva porque é aguardada a injeção da primeira parcela do 13º salário na economia nacional.
Os economistas da Serasa lembram ainda que, com o crescimento do emprego formal, uma parcela maior de brasileiros receberá 13º salário, o que deve levar muitas pessoas a regularizar suas dívidas neste final de ano. Com isso, a inadimplência do consumidor tende a se estabilizar até o início de 2011.
O levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostrou que 57% dos consumidores pretendem utilizar o 13º salário para pagar dívidas. No ano passado, o índice era superior: 64%.
Pelo oitavo mês consecutivo, a inadimplência com empresas não bancárias -cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica e água- registrou expansão, de 8,5% em outubro ante setembro.
Já as dívidas com bancos apresentaram queda (-1,2%), assim como títulos protestados (-4,6%) e cheques sem fundos (-3,8%).
Na avaliação da Serasa Experian, diante da falta de informações sobre o perfil de dívida das famílias e sobre a capacidade de pagamento, o Brasil corre sério risco de enfrentar um cenário de superendividamento.
Segundo o presidente do Programa de Administração do Varejo( Provar), Claúdio Felisoni, a perspectiva para o final do ano é positiva. "As pessoas devem quitar suas dívidas com o 13° para ter a possibilidade de comprar mais devido a acesso facilitado ao crédito", explicou Felisoni. O porta-voz ainda opinou que a inadimplência pode ser diluída nos próximos meses. "Os juros aumentaram muito e por isso ninguém quer ficar devendo, pois caso isso acaonteça vão pagar mais pela amortização das compras anteriores", disse.
Grupo Silvio Santos
Apesar do bom momento das redes de varejo, o Grupo Silvio Santos, que detém marcas como a linha de cosméticos Jequiti e a rede Lojas do Baú, com cerca de 126 unidades, passa por dificuldades, pois, segundo o diretor executivo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), Antônio Carlos Bueno de Camargo Silva, o empresário Silvio Santos demonstrou interesse em se desfazer de suas empresas para tentar salvar o Banco PanAmericano, que atualmente deve R$ 2,5 bilhões para o Banco Central.
O empresário e apresentador de televisão deu como garantia cinco de suas empresas que, em conjunto, controlam 40 companhias do conglomerado. As empresas foram a perfumaria Jequiti, o Banco PanAmericano, a rede de televisão SBT, as Lojas do Baú e a Liderança Capitalização. Essas companhias garantem as debêntures de R$ 2,5 bilhões que a SS Participações, holding que controla o grupo, emitiu para o FGC. Ao todo, foram emitidas, de forma privada, 250 mil debêntures a R$ 10 mil cada. O papel tem prazo de 10 anos, três anos de carência e correção somente pelo IGP-M.
Procurado pela reportagem, o Grupo Silvio Santos informou, por meio de sua assessoria, que a gestão deve acomodar as primeiras demandas operacionais no Banco PanAmericano. Além disso, "os esforços se concentrarão na revisão do planejamento estratégico das empresas do Grupo com o objetivo de buscar o equilíbrio econômico-financeiro das mesmas", dizia a nota oficial. Consta que todas as atividades continuarão normalmente, pois "o Banco está capitalizado e há o compromisso inédito e inequívoco do Grupo Silvio Santos e de seu acionista majoritário na preservação de todas as condições de negócio", dizia o documento.
No passado a rede varejista Magazine Luiza tinha demonstrado interesse na compra das Lojas do Baú. Procurada pelo DCI, a rede informou não haver nenhuma negociação com as empresas do Grupo. O mesmo aconteceu com o grupo Berlanda, que atua na Região Sul com eletrodomésticos, mas diz não ser viável a aquisição, pois almejam expandir em Santa Catarina.
Veículo: DCI