Em dois anos, participação do mercado nordestino no faturamento deve aumentar de 9% para 25%
"Estamos apostando muito na região", diz Robson Gouvêa, presidente da varejista de vestuário fluminense, que deve fechar o ano com vendas de R$ 1,7 bilhão"Brilho nos olhos e faca nos dentes". Foi com essa recomendação que 105 funcionários recém-contratados iniciaram a primeira jornada de trabalho na rede varejista fluminense Leader, que abriu ontem as portas de sua 47ª loja no país, localizada no centro do Recife. Os preparativos para a inauguração também contaram com oração celebrada por um padre, apresentação de frevo e mais uma lista de orientações: "Atendimento campeão e loja abastecida. Não esqueçam de falar do cartão e do 'ponto com. Já é?'."
A loja aberta ontem é a sétima filial da Leader na região Nordeste, onde o consumo cresce acima da média nacional já há alguns anos. Autor das empolgadas recomendações aos funcionários, o diretor de vendas da empresa, Carlos Eduardo Brunini, confirma a tese, ao informar que o desempenho das lojas instaladas no Nordeste é mesmo bastante superior ao que se percebe no Sudeste, principal mercado da empresa.
O faturamento total da Leader deve fechar 2010 em R$ 1,7 bilhão, um crescimento de 20% em relação ao ano passado. No mesmo intervalo de comparação, o Nordeste deve apresentar uma expansão de 35%, segundo estimou o diretor-presidente da rede varejista, Robson Gouvêa. "É um mercado que ainda está maturando para a gente. Estamos apostando muito na região", afirmou o executivo.
De acordo com ele, o Nordeste foi colocado como prioritário dentro da estratégia de expansão da Leader nos próximos anos, ao lado de Minas Gerais. Até o fim de 2012, a rede pretende aumentar para 70 o número de lojas, das quais pelos menos 14 serão no Nordeste, cuja participação no faturamento passará dos 9% atuais para cerca de 25%. Até o fim deste ano, a região receberá mais duas filiais, ambas em Salvador. Além da capital baiana e do Recife, há lojas em Natal, Aracaju e Maceió.
E a estratégia para a região passa pela expansão da base de cartões próprios da rede varejista, uma sociedade com o Bradesco. Segundo Gouvêa, 65% das vendas realizadas no Nordeste são parceladas em até cinco vezes sem juros com o plástico, contra uma média nacional de 55%. Apesar disso, dos cerca de 5,7 milhões de cartões ativos, apenas 250 mil estão no Nordeste, onde a Leader está há apenas dois anos. O tíquete médio da região também é cerca de 20% mais baixo.
Recentemente, o vice-presidente da Leader, Fernando Labanca, falou ao Valor que a empresa vinha analisando a possibilidade de ingressar no mercado de São Paulo, apesar de admitir as dificuldades competitivas do mercado paulista. Questionado sobre o assunto, Robson Gouvêa preferiu jogar para frente: "O Nordeste tem mais a cara e a roupa do Rio de Janeiro. São Paulo é uma etapa posterior", resumiu.
O executivo lembrou, entretanto, que a Leader já está fazendo negócios em São Paulo, por meio das vendas eletrônicas. Ainda em fase inicial, o site da rede varejista na internet representa hoje 2% do faturamento total do grupo. O tíquete médio é de R$ 250. "São Paulo representa 20% das minhas vendas no site", completou Gouvêa.
Veículo: Valor Econômico