A alta histórica do algodão tem impacto de 30% a 50% sobre os custos dos jeans e brins, segundo a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).
"É a maior alta dos últimos 140 anos", diz Aguinaldo Diniz Filho, presidente da entidade. "Só neste ano a alta foi de 60,70%."
Essa situação não deve se resolver no curto prazo porque os estoques estão baixos e o consumo segue em alta, segundo a Abit. "Quanto mais no início da cadeia, como na produção de fios de algodão, maior o impacto."
China e Índia que são grandes produtores e consumidores sofrem um impacto ainda maior que o Brasil, segundo Rafael Cervoni, presidente do Sinditêxtil-SP. "Na China, o aumento de preço já chegou na tecelagem. Nos EUA, já alcançou o segmento do vestuário."
A produção de artigos de algodão já foi feita, a maior parte com preços menores da matéria-prima.
Mesmo assim, neste ano, a indústria de toalhas subiu os preços em cerca de 15%, segundo Rolf Buddemeyer, diretor da indústria têxtil que leva seu nome.
A Abit solicitou ao governo a liberação da importação de 250 mil toneladas de algodão com alíquota zero para repor estoques.
"No Brasil, não há espaço para aumento de preços de todos os segmentos. Com o real valorizado, se fomentou a importação e devemos ter um deficit histórico na balança comercial do setor de US$ 3,5 bilhões", diz Cervoni.
As indústrias de confecção que estão produzindo roupas de verão agora são as que devem sentir mais os efeitos da alta do preço internacional do algodão, segundo Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário (da confecção).
Veículo: Folha de S.Paulo