Comercialização de 19,5 mi/sacas de 60 quilos ante 18,4 mi/sacas consumidas em 2009.
A constante melhoria na qualidade do café e o aumento da renda da população estão trazendo resultados positivos para a cadeia cafeeira. Um dos principais impactos é registrado no aumento do consumo interno, que em 2010 deve crescer cerca de 6% frente 2009. Em novembro, o índice de crescimento foi revisado para cima pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), quando a estimativa inicial apontava um incremento máximo de 5% no consumo brasileiro em 2010.
Minas Gerais será favorecido pelo incremento do consumo, uma vez que o Estado é o maior produtor respondendo por 50,7% da produção nacional. A expectativa é que com o aumento da demanda os produtores mineiros consigam manter os preços do café em patamares rentáveis.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca de café de 60 quilos está cotada atualmente próxima a R$ 353. O produto acumula alta de 1,29% em novembro. Até o final do primeiro semestre, a saca de café era comercializada em torno de R$ 250, o que demonstra valorização de 41,2% entre junho e novembro.
Caso alcançado, o crescimento de 6% no nível de consumo de café no Brasil representará uma comercialização de 19,5 milhões de sacas de 60 quilos frente as 18,4 milhões de sacas consumidas no ano passado, período que foi considerado como positivo para o setor. Em 2009, o crescimento foi de 4,15% ante 2008. A média de consumo mundial cresce cerca de 2% ao ano.
Qualidade - A previsão supera as expectativas elaboradas no início do ano e foi impulsionada principalmente, pela crescente renda da população. Para o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, a maior rentabilidade dos brasileiros faz com que a população tenha acesso a cafés de melhor qualidade e a diversos tipos de bebidas que têm como base o grão.
"Ao optarem por um grão de qualidade melhor, os consumidores também têm acesso a uma bebida com sabores diferenciados e mais agradáveis, o que estimula o aumento do consumo. Outro fator que também tem contribuído para o incremento da demanda interna é o aumento dos estabelecimentos especializados em diversificar as formas de servir o café atraindo públicos diferenciados", disse Herszkowicz.
De acordo com a Abic, a expectativa é aumentar significativamente o nível de consumo per capita no Brasil ao longo dos próximos anos. Em 2009, o consumo nacional atingiu 5,81 quilos de café em grão cru ao ano, sendo que os brasileiros estão aumentando o consumo e também diversificando os hábitos. Além de beber o produto filtrado ou coado a população também consome nos lares os cafés expressos, capuccinos e outras combinações com leite.
Os dados da Abic mostram que o consumo per capita nacional está se aproximando do consumidor alemão, que é de 5,86 quilos por habitante ano, já superando o do italiano e do francês, que estão entre os grandes consumidores mundiais.
Com o aumento da demanda interna e externa, Herszkowicz acredita que na próxima safra a oferta de café em Minas e no país tende a ficar mais ajustada, uma vez que o período produtivo é de bienalidade negativa, o que promove uma redução natural da produtividade dos cafezais.
Porém, Herszkowicz não acredita que irá faltar café para a exportação mesmo diante ao crescimento do consumo interno e de exportações em níveis elevados. "Já passamos por vários anos de bienalidade negativa do grão e nunca faltou café para abastecer o mercado nacional e internacional. O que poderá ocorrer no próximo ano é uma oferta mais equilibrada, o que favorecerá os produtores e a indústria, já que com a oferta menor e a demanda crescente a tendência é de valorização da saca do produto", disse Herszkowicz.
Veículo: Diário do Comércio - MG