Cinco novos projetos poderão ser implantados em Manaus nos próximos três anos
Um dos focos da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) criada pelo governo brasileiro em 2007, o estímulo ao desenvolvimento de uma indústria local de mostradores de informação ("displays" ou telas) começa a avançar por meio de projetos de fabricantes que incorporam novas etapas à cadeia produtiva do setor. Isto ocorre especialmente no campo de telas de cristal líquido para televisores e monitores, o que estava restrito, até recentemente, ao processo final de integração de poucos componentes aos módulos importados que já chegavam praticamente montados ao país.
O primeiro passo para alterar esse cenário foi dado pela Philips, em março. A empresa passou a montar os módulos em sua fábrica de Manaus. O processo tem agora cinco novos projetos aprovados, a serem implantados nos próximos três anos na região pela Semp Toshiba, Samsung, Digiboard, Brivictory e H-Buster. De acordo com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), os investimentos anunciados somam US$ 270 milhões e devem criar cerca de 1,5 mil empregos no período.
Segundo Almir Kimura, gerente industrial da fábrica da Philips, essa etapa de montagem já envolve tecnologia de ponta. A empresa construiu duas salas limpas e treinou os primeiros funcionários no exterior. Hoje, a unidade conta com 400 profissionais responsáveis pela montagem de cerca de 80% dos módulos comercializados pela companhia no país. "Fomos pioneiros e isso vai atrair novos fabricantes. O próximo passo será fabricar os componentes, mas isso exige ainda mais incentivos fiscais", diz Kimura.
Assessora da presidência do BNDES, Margarida Baptista destaca que o mais importante é o fato de os investimentos anunciados serem privados, o que comprova o potencial do país para atrair recursos nessa área. "Estamos tentando preencher um vazio e esses sinais mostram que estamos no caminho certo", afirma ela. O desafio agora, em sua opinião, será avançar para etapas mais intensivas no processo produtivo de telas e desenvolver toda a cadeia, o que inclui os fornecedores de insumo.
Margarida revela que o BNDES ainda não liberou qualquer recurso específico para a indústria local de telas, mas que já existem projetos em análise na instituição e que não há um valor definido para destinar ao setor: "O BNDES não trabalha com orçamentos, e sim, com demandas da indústria, e não podemos revelar essas cifras sem que o projeto seja oficializado."
Augusto Gadelha, secretário de política de informática do Ministério da Ciência e Tecnologia, diz que outra vertente explorada na política governamental são os recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento, especialmente para tecnologias como OLED (sigla em inglês para diodo orgânico emissor de luz ou fotoemissor), usada em pequenas telas de celular e em iluminação.
Victor Mammana, chefe da divisão do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), uma das principais instituições de pesquisa ligadas ao setor, revela que está em análise no governo a instalação de uma fábrica que compreenderá todas as etapas de produção de telas no Brasil, em um projeto estimado em US$ 1 bilhão. Entre investimentos privados e públicos, o campo de pesquisa e desenvolvimento concentrou recursos de US$ 30 milhões nos últimos dois anos, diz.
Veículo: Valor Econômico