Saint-Gobain põe o leite de volta na garrafa de vidro

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Parceria com laticínio Vitalatte reedita embalagem que havia se tornado peça de museu após o advento da caixinha longa vida


Quem já passou dos 40 deve se lembrar do leite sendo vendido em garrafas de vidro, muitas vezes pelos próprios produtores, de porta em porta. Em 2010, a Verallia, empresa da multinacional Saint-Gobain, resolveu matar a saudade dos mais nostálgicos. Com uma fatia de quase 30% no mercado nacional de garrafas e potes de vidro, a empresa se deu ao luxo de correr o risco e investir no resgate do leite engarrafado e, assim, contestar a hegemonia das caixas longa vida.

 

De acordo com Paulo Dias, diretor comercial da Verallia no Brasil, o objetivo inicial com o novo produto não é gerar uma receita imediata para a empresa. Trata-se de um projeto institucional para mostrar a capacidade de inovação da companhia. “Hoje não temleite fresco no mercado carioca.Foi uma estratégia arrojada.Estamos criando um segmento novo no mercado”, afirma. “Em termos de impacto, de produto novo, a embalagem de leite em vidro foi o lançamento mais importante da empresa neste ano”, avalia.

 

Segundo Dias, não foi necessário um investimento significativo no projeto, apenas a
aquisição de um conjunto de moldes cujos preços variam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. O próprio executivo admite que, a princípio, a garrafa não vai interessar aos grandes processadores de leite. “Quem vai se interessar primeiro são as pequenas e médias empresas.

 

Em algum momento, elas incomodarão os concorrentes e aí um dos grandes resolve copiar a iniciativa”, acredita.

 

Renata Ernlund, professora de tecnologia de alimentos de origem animal da PUC do Paraná, avalia que a garrafa de vidro terá que superar alguns desafios para obter sucesso na indústria alimentícia. O principal deles é a questão logística.
“É um material é difícil manuseio, exige um grande estoque e equipamentos adequados
para envazar e higienizar”, diz. Para Renata, as embalagens Tetra Pak são mais
adaptáveis aos volumes da produção de leite e a tendência dos vidros deve se limitar à nichos de mercado.

 

Com a embalagem nas mãos, a Verallia precisava de um parceiro que acreditasse que
ainda há espaço para as garrafas de vidro no segmento de lácteos. Encontro-o na figura do empresário Patrick Bouzon de Urbano, proprietário do laticínio Vitalatte, que já nutria o interesse em ampliar sua linha de produtos, formada basicamente por queijos, e lançar uma linha de leite vendida em garrafa.

 

Urbano ampliou sua fábrica localizada na cidade fluminense de Valença e colocou
seu leite nos mercados no último dia 8 de novembro. “Queríamos uma embalagem diferente que destacasse o produto”, diz Urbano. Ao contrário da Verallia, que não espera um retorno financeiro rápido com o novo produto, a expectativa na Vitalatte é de um resultado rápido. A previsão é de um incremento de 30% em suas vendas totais já no próximo ano.

 

A Verallia, por sua vez, espera uma expansão de até 6% em seu faturamento em 2011. O
principal fator que deve impulsionar os negócios é a venda de produtos classificados
como “premium”. A meta é conquistar clientes entre produtores que haviam migrado
para o plástico e agora estão retornando ao vidro. “A maionese é um deles”, diz o diretor da companhia.

 

Veículo: Brasil Econômico


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