Carrefour eleva perda contábil para R$ 1,245 bilhão no Brasil

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O rombo contábil no Carrefour, que provocou a saída de Jean Marc Pueyo, então presidente do grupo no Brasil, e de parte da diretoria, em julho, é bem maior que os 180 milhões previstos inicialmente. De acordo com informação divulgada ontem pelo conglomerado, as perdas devem chegar a 550 milhões de euros, correspondentes a aproximadamente R$ 1,245 bilhão.

 

De acordo com a companhia, os encargos são referentes a ajustes de provisões relacionadas a descontos, litígios tributários e baixa contábil de estoques. O gasto, porém, chama a atenção e o grupo oficializa que "investigações estão sendo feitas e irão determinar a existência de possíveis responsabilidades" com relação ao valor.

 

A rede varejista, que já foi líder no Brasil, amarga grandes prejuízos e segue na contramão do setor, que hoje cresce cerca de 10% ao ano e em que um de seus concorrentes, Walmart, cresceu em vendas líquidas 2,6%, para US$ 101,2 bilhões no último trimestre, e um outro, o Pão de Açúcar, teve no mesmo período vendas líquidas de R$ 7,1 bilhões, um aumento de 16,9% ante o apurado no mesmo intervalo do ano passado.

 

Segundo analistas do setor, caso não se descubra o foco do problema as operações no Brasil podem vir a ser vendidas, a exemplo do que aconteceu na Tailândia no mês passado, onde a rede francesa alienou as suas atividades por um montante próximo de 870 milhões de euros.

 

Uma das explicações para o ocorrido, segundo o professor do Programa de Administração do Varejo (Provar), José Lupoli Júnior, foi que houve um descuido na gestão operacional do processo. "A administração não percebeu que o modelo hipermercadista não condiz na nova classe emergente, que vai muito mais vezes ao supermercado, mas compra em menor quantidade devido à estabilidade da inflação brasileira", explicou o porta-voz, que citou exemplos de operações que deram certo como supermercados mais compactos, como Extra e Pão de Açúcar de bairro, ambos do grupo GPA.

 

No primeiro semestre, o grupo varejista francês teve impacto negativo de 69 milhões de euros no resultado por causa da operação brasileira. "Para não alterar o valor previsto do lucro operacional e considerando o montante não recorrente e excepcional destes encargos, eles serão totalmente reconhecidos como receita não operacional", afirmou o grupo francês, em comunicado.

 

Em meados de outubro, o grupo francês já tinha informado que os "encargos extraordinários", que geraram ajustes contábeis nas contas da subsidiária brasileira, somavam 180 milhões de euros e iriam reduzir o lucro operacional da empresa no mundo.

 

Em outubro, a matriz da rede negava a evidência de má conduta na administração das contas de rede brasileira. Na ocasião, o Carrefour, na França, informou que a análise nos resultados da rede está ocorrendo porque a companhia decidiu rever o modelo de hipermercado no mundo e no Brasil. Com isso, passou a analisar as operações no País. No Brasil, a auditoria externa nas contas é feita pela KPMG. Na época, o presidente mundial do Carrefour, Lars Olofsson, afirmou que o resultado operacional do grupo somaria 3 bilhões de euros em 2010, sendo o valor anteriormente projetado para este ano cerca de 3,1 bilhões de euros.

 

O Carrefour enfatizou que, para não alterar o valor previsto do lucro operacional, o montante de encargos não recorrentes no Brasil, será totalmente reconhecido como despesa não operacional. Assim, a empresa reiterou sua projeção de 3 bilhões de euros de lucro operacional neste ano, "cerca de 130 milhões de euros abaixo, em base pró-forma, do que o anteriormente comunicado".

 

Mercado

 

Enquanto o Carrefour começa ações para se recuperar, o segmento supermercadista teve nas vendas reais em outubro um aumento de 3,85% face a outubro de 2009, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em comparação com setembro deste ano, houve alta real de 7,02%. No acumulado dos dez meses de 2010, as vendas do setor supermercadista alcançaram alta de 4,66%, na comparação com igual período de 2009. Em valores nominais, o Índice de Vendas da Abras compôs crescimento de 9,25% em outubro perante outubro de 2009 e alta de 7,82% sobre setembro deste ano. O acumulado nominal até outubro de 2010 chegou a 9,76%, na comparação.

 


Veículo: DCI


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