Os fabricantes de linha branca (refrigeradores, fogões, etc) não podem dizer que as dificuldades do setor chegaram com a crise financeira internacional. A alta das commodities metálicas e das resinas, por exemplo, incomodam as empresas desde o ano passado, o que forçou um repasse nos custos e levou a uma desaceleração no primeiro semestre. Agora, as empresas já refazem seus cálculos mais uma vez. "Entramos o ano prevendo um crescimento nas vendas de refrigeradores de 7%. Após o primeiro semestre revemos para 5% e agora já admitimos que pode ser de 3%", contou Jerome Cadier, diretor de marketing da Whirlpool. No entanto, mesmo diante de um cenário cercado de incertezas, a empresa aposta na categoria e coloca no mercado uma linha de refrigeradores frost free (que não congela) de uma porta, os primeiros do mundo, segundo Cadier.
A idéia, de acordo com o executivo, é ampliar a presença de frost free nos lares brasileiros. Hoje, 23% dos refrigeradores brasileiros possuem a tecnologia. Com os modelos de uma porta, que serão mais baratos que os disponíveis no mercado, Cadier acredita que a penetração possa chegar a até 35% até 2009.
São nesses novos modelos - o mais barato, da Consul, custará R$ 1,24 mil, e o mais caro, da Brastemp, custará R$ 1,54 mil, preços similares aos refrigeradores de uma porta já existentes -, que estão as esperanças de crescimento para o próximo ano. "Buscamos um aumento de participação de três pontos", disse. Segundo ele, as duas marcas da empresa atualmente possuem 50% de participação. De acordo com dados da Eletros, o mercado de refrigeradores movimenta cerca de 5 milhões de peças por ano. O instituto Latin Panel calcula que o parque instalado de refrigeradores no Brasil é de 45 milhões.
"A tecnologia frost free foi lançada no mercado brasileiro, pela Brastemp, há 25 anos, e nunca conseguiu crescer muito por causa dos preços. Superamos esse grande entrave e conseguimos fazer uma porta pelo mesmo preço", disse. Cadier contou que os refrigeradores de uma porta representam 50% das vendas e são 70% do parque instalado no Brasil.
"Fizemos seis pesquisas ao longo do um ano e meio, enquanto desenvolvemos a tecnologia. Detectamos que os consumidores preferem um refrigerador de uma porta que seja frost free a um de duas portas que não tenha a tecnologia", disse. Para o executivo, o maior desafio é explicar aos consumidores as diferenças. "Existe muita confusão em relação as tecnologias disponíveis", disse. Além de frost free, existem refrigeradores com degelo manual, que precisam ser desligados, e degelo automático, que possuem um botão para serem descongelados.
Para evitar que os consumidores não entendam, o material de divulgação dos novos refrigeradores sairá direto da fabrica. "Existe algumas lojas, no interior do Brasil, onde não temos promotores de venda. Queremos dizer claramente que se trata de um frost free", afirmou. Os novos refrigeradores serão produzidos na fábrica de Joinville e serão distribuídos no Brasil inteiro. De acordo com o diretor, existe um grande otimismo em relação as vendas desses novos refrigeradores no Nordeste. "A participação dos refrigeradores de uma porta na região é maior."
Crise
Cadier afirmou que ainda não dá para calcular quais serão os impactos da crise internacional no mercado brasileiro. "Vai ter impacto, mas ainda não está claro o quanto a restrição do crédito global vai afetar o consumo no Brasil", disse. "Com o dólar valendo R$ 2,30, por exemplo, impacta nos insumos, que impacta nos custos e pode refletir na demanda também", afirmou. Entre os produtos que mais serão afetados, Cadier afirmou que estão os microondas e condicionadores de ar, que utilizam mais componentes importados. Apesar das incertezas, o executivo reiterou que a empresa não pensa em rever investimentos no País. "O País está no melhor momento."
veículo: Gazeta Mercantil