Cai consumo de arroz no domicílio

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O combinado de arroz e feijão, símbolo da culinária brasileira, vem perdendo espaço nas mesas das famílias do país. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) "Aquisição Alimentar e Disponibilidade de Alimentos", divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o volume per capita de arroz adquirido pelas famílias caiu 40,5% nos domicílios entre os anos 2003 e 2009. Já a aquisição de feijão apresentou um recuo de 26,4% em igual período. Essa queda reflete novos hábitos e, principalmente, aumento das refeições fora de casa.

 

Em termos absolutos, a aquisição de arroz pelas famílias recuou de 24,5 quilos anuais per capita observados pela POF referente aos anos 2002 e 2003 para 14,6 quilos na POF dos anos 2008 e 2009. Já o feijão teve redução de 12,4 quilos para 9,1 quilos em igual período.

 

O analista sócio-econômico da POF, José Mauro de Freitas, ressaltou que o resultado mostra o avanço da alimentação fora de casa. Em 2002-2003, as famílias brasileiras destinavam 24,1% dos seus gastos com alimentação para a refeição fora de casa. No POF 2008-2009 esse percentual saltou para 31,1%. O maior aumento foi na região Sudeste, com as despesas com alimentação fora do domicílio passando de 20,9% do total gasto com comida e bebida para 37,2% entre 2003 e o ano passado.

 

Freitas ponderou que os resultados indicam uma queda no consumo de arroz e feijão pelos brasileiros, mas os dados mais abrangentes e definitivos poderão ser analisados no primeiro semestre do ano que vem, quando o IBGE divulgará o último questionário da POF 2008-2009, que incluiu a anotação, em um caderneta, dos hábitos alimentares - qual refeição, quantidade, modo de preparo e horário - de 25% da amostra da pesquisa.

 

"No momento temos apenas uma indicação do que vai ser visto quando analisarmos o último questionário da POF", afirmou Freitas. O analista do IBGE lembrou que a queda na aquisição de arroz pelas famílias chega a 60% entre as POFs de 1975 e 2008-2009. No caso do feijão, o recuo é mais suave, de 49%.

 

Freitas também citou o crescimento da aquisição de alimentos congelados e industrializados, que, segundo ele, explicam parte da queda da aquisição de arroz e feijão pelos consumidores.

 

Individualmente, o grupo alimentos e misturas industriais - que inclui desde lasanhas e pizzas congeladas a massas prontas para bolos - foi o que mais cresceu proporcionalmente entre as POFs 2002-2003 e 2008-2009, com um salto de 37%. Em termos absolutos, a aquisição per capita por ano passou de 2,560 quilos para 3,506 quilos.

 

"Aumentou nos últimos anos a oferta desse tipo de alimento nos supermercados e a melhora da renda também aumenta a possibilidade de consumo pela população", frisou Freitas.

 

Veículo: Valor Econômico


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