Grupo SEB quer rejuvenescer Arno

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Varejo: Para disputar com importados, marca será mais associada à tecnologia e produtos de beleza

 

Os pontos de venda são muito discretos e só um consumidor bem atento poderia concluir que as 18 lojas Home &Cook, espalhadas em várias regiões do país, são exclusivas do francês Grupo SEB, dono da Arno. "Não somos varejistas e nunca vamos lançar folhetos ou fazer campanhas de mídia sobre a loja", diz o novo presidente do Grupo SEB na América Latina, Fernando Soares, que assumiu há um mês.

 

Soares, no entanto, está animado com a expansão das lojas próprias. Foram 14 pontos de venda abertos este ano e pelo menos outros 14 devem ser inaugurados em 2011, ano em que os investimentos totais em marketing, produção e varejo vão somar R$ 61 milhões, 15% mais que neste ano.

 

Mais do que um canal de vendas, as lojas são a chance do Grupo SEB reapresentar a marca Arno no Brasil, onde está desde 1940. Associá-la à alta tecnologia e reforçar sua presença entre produtos de beleza estão entre as suas metas.

 

Arno investe em produto "premium"

 

O novo presidente do Grupo SEBna América Latina, Fernando Soares, vai passar o seu primeiro Natal em "mangas de camisa". "É muito estranho ouvir 'Jingle Bell' sem sentir frio", diz o angolano de 38 anos. De família portuguesa, Soares cresceu em Lisboa, estudou marketing na França e assumiu a direção do Grupo SEB na Polônia, antes de vir para o Brasil, há dois anos, período em que foi responsável pela vice-presidência de marketing. Soares assume no lugar do engenheiro Márcio Cunha, que se aposentou.

 

O fim de ano, sempre comemorado na Europa, agora tem dois fortes motivos para ser celebrado entre os trópicos: a primeira filha de Soares, uma brasileirinha de dois meses, e a necessidade de não perder de vista o consumidor local, que no verão passado respondeu pela maior demanda de ventiladores do Grupo SEB no mundo. "Nossas vendas cresceram 50% este ano e esperamos nova alta neste verão", diz Soares, que lançou este ano o Turbo Silencio Timer, ventilador que custa em média 50% a mais que os circuladores de ar e promete barulho nenhum.

 

Essa tem sido a nova palavra de ordem da Arno, uma das principais marcas mundiais do SEB, grupo francês presente em mais de 120 países: agregar tecnologia aos produtos, para não se restringir à mera competição por preço. O mercado de eletroportáteis no Brasil movimenta cerca de R$ 2 bilhões ao ano e tem sido tomado por uma enxurrada de importados fabricados a baixo custo na Ásia. O país é o quarto maior mercado para o grupo no mundo. "A categoria de eletroportáteis acaba sendo encarada como commodity e não queremos isso", diz Soares, que por dois anos promoveu pesquisas para lançar o Turbo Silencio Timer.

 

"Para Arno, interessa investir na produção local a fim de atender com maior rapidez a demanda, de acordo com os desejos do consumidor" diz Soares. No Brasil, o grupo possui três fábricas (uma em Pernambuco e duas em São Paulo) e deve faturar R$ 660 milhões este ano, com alta de 15% sobre 2009. Para 2011, a expectativa é repetir o índice de 15%. "Vamos tornar a marca Arno mais horizontal, aumentando a presença em produtos de cuidados pessoais, especialmente de cabelos, com as assinaturas Arno Beauty e Arno for Elite", afirma o executivo.

 

Um bom exemplo da aposta em tecnologia como diferencial é o lançamento da Actifry, uma espécie de fritadeira "saudável", já vendida na Europa, capaz de fritar um quilo de batatas com uma única colher de óleo, além de preparar outras refeições. Ao preço sugerido de R$ 999, a panela será lançada em fevereiro, com a assinatura "nutritivo e delicioso". "Uma nutricionista apresenta o livro de receitas que acompanhará o produto e a nossa consultoria nutricional está fazendo a divulgação da Actifry em consultórios de cardiologistas e endocrinologistas", diz Soares.

 

Outro lançamento de peso, que ilustra a disposição do Grupo SEB de ir além de Arno e valorizar suas marcas mundiais, é a coleção T-Fal Jamie Oliver, que marca a chegada da grife do chef inglês ao Brasil. "Voltamos a vender este ano no país a marca T-Fal, do Grupo SEB, que tinha sido descontinuada no país desde 2005", diz Soares. A decisão, explica o executivo, foi para favorecer as marcas locais de panelas - Panex, Penedo, Rochedo e Clock -, adquiridas em 2005. "Mas agora o Brasil já provou ter demanda para produtos mais premium e vamos trazer cada vez mais marcas mundiais que atendam essa expectativa", diz ele. Hoje, a empresa comercializa nas lojas Home & Cook marcas como a Krups, de cafeteira alemã, e Lagostina, de panelas gourmet italianas.

 

Veículo: Valor Econômico


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