Preço recorde faz algodão renascer em SP

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Área plantada na safra 2010/11 no Estado mais que triplicou em relação à temporada passada

 

Afetado nas últimas décadas por pragas, preços baixos e pela hegemonia da cana-de-açúcar, o cultivo de algodão no Estado de São Paulo ganhou nesta safra um novo impulso com os preços recordes da commodity que em 2010 subiram 75,83% na bolsa de Nova York. Levantamento feito pela Associação Paulista dos Produtores de Algodão (APPA) mostra que o plantio da cultura, finalizado este mês, mais que triplicou nesta safra 2010/11 na comparação com a anterior.

 

Foram plantados, segundo a entidade, 16 mil hectares, ante os 4,9 mil registrados na temporada passada. "A cultura ocupou a área da soja e está concentrada na região de Avaré, distante 269 quilômetros da capital paulista", diz Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, presidente da APPA.

 

O Brasil deve cultivar nesta temporada 30% mais algodão, o que significará uma área próxima de 1 milhão de hectares. São Paulo representa, portanto, com seus 16 mil hectares, uma fatia pequena da área total nacional. Mas, São Paulo já chegou a ser o maior produtor de algodão do Brasil, entre as décadas de 1970 e 1980, com cultivo espalhado por todas as regiões do Estado, lembra Oliveira.

 

Na época, a pouca disponibilidade de tecnologia para combater o bicudo, a principal praga do algodão, fez a produção encolher fortemente, condição que foi seguida de anos de preços baixos e, depois, da expansão da cana-de-açúcar, explica. "O Estado já chegou a plantar 380 mil hectares de algodão, na safra 1994/95", diz.

 

A maior parte da área cultivada nesta temporada, segundo Oliveira, foi no município de Campos de Holambra, ao sul do Estado - antigo distrito do município de Paranapanema. Dos 16 mil hectares plantados, 13 mil estão na cidade, colonizada por holandeses tradicionais que, em grande parte, estão organizados em cooperativa - a Cooperativa Agro Industrial Holambra - que lidera a produção, não só de algodão, mas de cereais e flores na região.

 

O mesmo patamar de plantio desta temporada foi atingido pela última vez na safra 2007/08, ou seja, há três ciclos. Por isso, explica o presidente da APPA, não serão necessários grandes investimentos em maquinários de lavoura e para beneficiamento da pluma.

 

Mas, os custos de produção, bem mais altos do que no Centro-Oeste, continuam sendo um gargalo. "Precisamos de investimentos em pesquisa para implantar o algodão adensado, que reduzirá em até 15% nossas despesas", diz.

 

A demanda de pesquisa deve ser encaminhada ao Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), criado para gerir os recursos que serão aportados pelos EUA para compensar os subsídios dados ilegalmente a produtores americanos, conforme decidido na Organização Mundial do Comércio (OMC).

 

Atualmente, o custo para produzir um hectare de algodão nessa região de São Paulo é de R$ 4,5 mil, ante os R$ 3,8 mil do Centro-Oeste. O preço da terra e a necessidade de irrigação ajudam a compor esse valor. "Ainda assim, teremos uma rentabilidade de 20% a 25%", diz. Isso porque, detalha ele, a arroba em São Paulo vale R$ 1 a R$ 1,50 mais do que no Centro-Oeste - em Cuiabá (MT) a arroba fechou a quinta-feira a R$ 93,60. No mesmo dia, o contrato com vencimento em maio na bolsa de Nova York fechou a US$ 1,3467 por libra-peso, um recuo diário de 502 pontos.

 

Os preços recordes também estão mudando a forma de comercialização em São Paulo. Oliveira conta que pela primeira vez o cotonicultor do Estado está vendendo antecipadamente. Das 24 mil toneladas esperadas para serem colhidas em 2011, de 5 mil a 6 mil já foram vendidas ao patamar médio de US$ 1,09 por libra-peso. "Até a véspera da colheita, esse percentual será de 60% da produção", diz.

 


Veículo: Valor Econômico


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