Redes de eletroeletrônicos apostam em estoque ajustado

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A tendência nas redes de eletroeletrônicos este ano é ir às compras com seus fornecedores mais vezes ao mês, porém com a escolha de manter o estoque seguindo o modelo norte-americano do chamado estoque baixo (just-in- time). Ao contrário do ano passado, quando as varejistas iam às compras em média mensalmente, ou no máximo quinzenalmente, segundo o professor do Provar José Lupoli Júnior, a previsão é de que este ano o mercado tenha ações diferenciadas, de olho nas mudanças políticas e econômicas. Além disso, pesa o maior poder de consumo dos clientes, que inclusive levou este fim de semana as grandes redes à euforia, por terem visto os consumidores limpar seus estoques - e até passar a madrugada em filas - para acompanhar a realização de megaliquidações.

 

Com uma ação para trocar o estoque com a venda com altos descontos, assim como fizeram seus concorrentes Magazine Luiza, Ponto Frio e Casas Bahia, a rede de lojas Ricardo Eletro, que faz parte do Grupo Máquina de Vendas - uma fusão das redes de eletrônicos Ricardo Eletro e Insinuante - mantém a posição otimista no mercado. "Nós vamos às compras diariamente, e vamos continuar com o mesmo procedimento, pois cerca de 95% das nossas vendas são feitas em no máximo 12 vezes", explicou o presidente da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes.

 

O executivo, expert no varejo de eletroeletrônicos, disse ainda que atualmente possui 250 fornecedores como o Electrolux, LG, Samsung e Whirlpool para suprir a demanda de mais de 70 pontos-de-venda. "Na minha opinião, como vai ficar mais difícil para comprar carros, por exemplo, as pessoas vão investir em trocar utensílios do lar", opinou o presidente.

 

Megaliquidações

 

Enquanto os varejistas acertam o passo com a parte de renovação de estoques, clientes como jovens recém-casados, idosas e quarentões solteiros passaram a madrugada de última-sexta-feira (7) acordados em uma fila de dobrar quarteirão em Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo. Atraídos pela promessa de descontos de até 70% em uma loja da rede varejista Magazine Luiza, os clientes queriam camas box, geladeiras, fogões e, sobretudo, televisores de tela fina. Quando a loja abriu, às 5 horas da manhã da sexta-feira, mais de 500 pessoas estavam esperando na calçada.

 

Dentro do estabelecimento, cerca de 30 funcionários rezavam o pai nosso de mãos dadas em uma roda e entoavam um canto de guerra, à espera dos consumidores. A megaliquidação ocorre há três anos, sempre em janeiro, e era a segunda da auxiliar de enfermagem Genilda dos Santos Godinho, de 43 anos. No ano passado, ela comprou um freezer e, agora, queria uma máquina de lavar roupa. "Venho aproveitar os descontos", disse, deitada em um colchão trazido pelo cunhado.

 

A fila começava na Rua Teodoro Sampaio, passava pelo Largo da Batata e seguia pela Rua dos Pinheiros. Na primeira posição, a autônoma Nilza Maria de Santana, de 54 anos, planejava gastar R$ 3.500 em um televisor de 32 polegadas, um fogão, uma cama box e, "dependendo do preço", uma geladeira duplex. "Cheguei à uma da manhã e trouxe a cadeira", disse.

 

Abraçados no fim da fila, sob a noite de temperatura amena, os namorados Jean Michel, de 22 anos, e Mariana Pires, de 20, desejavam um aparelho de ar-condicionado e um televisor de plasma. "Aqui está gostoso, o tormento vai ser lá dentro", disse Jean, apreensivo com a hipótese de encontrar as prateleiras já vazias.

 

Dentro da loja, a disputa era no corpo a corpo. Quem achava o que queria agarrava o produto e não largava mais. No sistema de som, um vendedor gritava que os estoques estavam acabando. "Só estou enfrentando isso porque tenho necessidade", contou a dona de casa Maria do Rosário, de 66 anos, na fila desde as duas da manhã. Ela mora atualmente com os filhos e vai se mudar para uma casa nova em fevereiro. Queria geladeira, fogão e lavadora de roupas.

 

Os recém-casados Robson Santos, de 24 anos, gerente lotérico, e Géssica Marcela dos Santos, de 22, operadora de caixa, aguardaram a abertura da loja sentados no chão, sobre o tapete de borracha do carro. "Saí do trabalho e vim direto pra cá", disse Robson. Eles estão mobiliando a casa nova, em Pirituba, na zona norte, e planejavam gastar R$ 2,5 mil em um televisor, um micro-ondas, um liquidificador e uma batedeira. Todos tinham à disposição dois banheiros químicos, instalados na calçada pela rede, e vendedores ofereciam lanches, salgados e bebidas. Ambulâncias e uma viatura da Polícia Militar completavam o apoio para a promoção da loja.

 


Veículo: DCI


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