Sites e portais de compra influíram nas vendas do varejo tradicional
Levantamento realizado pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) revela que metade (50%) dos lojistas do Estado registraram vendas menores do que as previstas no Natal de 2010 na comparação com a mesma data de 2009. A frustração de boa parte dos comerciantes não significa que os negócios tenham sido ruins no comércio. Mas indica um acirramento da concorrência e um aumento no número de lojas, shoppings e canais de compra.
A mesma pesquisa mostrou que 38% dos empresários do setor registraram vendas maiores do que o esperado em relação a 2009, enquanto para 12% as vendas se mantiveram dentro do que estava previsto.
"A frustração de uma parte dos empresários se deu, sobretudo, por dois motivos. Primeiro porque a expectativa criada para o Natal era muito grande, em função do bom ano de 2010. Em segundo porque a concorrência aumentou bastante e o preço, de fato, foi um fator que pesou nas vendas", explicou a coordenadora do Departamento de Economia da Fecomércio Minas, Silvânia de Araújo. "Quem se preparou melhor para a guerra de preços saiu ganhando nas vendas", completou.
Outro ponto que foi destacado por ela para justificar o desempenho insatisfatório em alguns setores são os saldões e queimas de estoque, que já se tornaram tradição no início do ano em algumas redes de varejo. "Principalmente os que trabalham com eletroeletrônicos podem ter sentido algum impacto nas vendas, já que as classes C e D incorporaram em sua programação de consumo as promoções e grandes descontos das redes de varejo desse setor", explicou Silvânia de Araújo.
Além da inauguração de malls, expansão dos centros de compra já existentes e abertura de lojas em todo o Estado, a criação de canais de negócios na internet também causou algum reflexo no comércio tradicional. "A movimentação nos sites de grandes lojas e de grandes portais de compra, além do surgimento dos clubes de compra com desconto, demonstram que o Natal foi bom para a economia, mas pode ter trazido resultados frustrantes para determinados setores, que criaram uma expectativa imensa", reiterou a economista.
Inadimplência - Ainda segundo pesquisa realizada pelo Departamento de Economia da Fecomércio Minas, o índice de inadimplência caiu em novembro e dezembro de 2010 em relação ao bimestre anterior. A taxa, de 5,5%, foi a menor do ano e também a mais baixa desde o período de julho e agosto de 2008. Em setembro e outubro de 2010, o percentual foi de 6,5%.
Para Silvânia de Araújo, o crescimento do número de empregos formais no Brasil e o conseqüente aumento no pagamento de décimo terceiro salários contribuíram para a redução da inadimplência no comércio. "As pessoas aproveitaram para quitar as dívidas e entrar o ano com mais capacidade de financiamento. Mas é um índice que tem de ser acompanhado de perto, porque ainda existe no consumidor brasileiro uma grande falta de educação financeira", disse.
A pesquisa também apontou que o percentual de consumidores com pendências financeiras obteve o menor índice de 2010 (45,5%). Já o nível de endividamento do consumidor apresentou leve alta no período, saindo de 55,8% para 56,3%. Um dos fatores que explica o aumento constante do endividamento é a evolução no uso do cartão de crédito. Apenas no último bimestre, o uso dessa forma de pagamento passou de 30,3% para 42,7%.
Veículo: Diário do Comércio - MG