As fortes chuvas que devastaram parte da região serrana do Rio de Janeiro mudaram a logística de varejistas fluminenses. A falta de produtos na região, tradicional fornecedora de verduras e legumes, levou supermercados e hortifrutis a buscar alternativas.
"Montamos uma verdadeira operação de guerra", diz Tiago Miotto, presidente da rede Hortifruti, dona de 20 lojas no Estado do Rio. As chuvas destruíram um dos centros de distribuição da empresa, em Vieira, entre as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo. A Hortifruti alugou um outro local no município para voltar a operar esta semana e buscou hortaliças em São Paulo e no Espírito Santo.
Por se tratar de novos fornecedores, segundo Miotto, foi preciso enviar uma equipe aos Estados para comprar pessoalmente os produtos. "É inevitável encontrar não só pouca quantidade, mas baixa qualidade", diz ele. Os 40 fornecedores da região serrana do Rio, afirma, estão entregando apenas a metade do volume normal. O esforço está em manter o mesmo nível de vendas e oferecer alternativas para o consumidor, diz Miotto. A rede prevê fechar o ano com faturamento de R$ 506 milhões.
O preço das hortaliças, por sua vez, "ficou maluco", diz Miotto. "Uma caixa de alface que era comprada por R$ 10 passou a custar R$ 60", afirma. Para o consumidor, o valor subiu entre 25% e 30%. "Mas nesta semana, os preços estão voltando ao normal".
Nas 30 lojas da rede de supermercados Prezunic na região metropolitana do Rio, o valor das verduras aumentou até 60%. "Repassamos a alta que tivemos dos fornecedores", diz Genival Beserra, diretor do Prezunic. "Deixamos de comprar de fornecedores do Ceasa, por exemplo, que estavam cobrando três vezes mais pelo produto, porque o preço seria abusivo para o consumidor". Segundo Beserra, o volume vendido na rede caiu pela metade. "Os nossos fornecedores conseguiram salvar a produção que estava coberta, dentro dos galpões", diz o executivo.
Na rede de supermercados Zona Sul, as vendas legumes, verduras e produtos orgânicos caíram 20%. Mas segundo o diretor comercial, Pietrangelo Leta, a empresa busca novos fornecedores no interior paulista. "Estamos negociando condições favoráveis para evitar o reajuste", diz. Outra opção é ampliar a oferta de produtos hidropônicos, que possuem água como base de produção, no lugar da terra.
Veículo: Valor Econômico