Preços são obstáculo para vendas na Páscoa

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O varejo se prepara para a Páscoa deste ano com dois cenários: as redes varejistas seguem mais otimistas, ainda que prevejam alta dos preços, enquanto entidades do setor preveem o primeiro trimestre mais apertado com o impacto do pacote monetário anunciado no final de 2010, devido à alta de preços de itens como açúcar e embalagens. Apesar da incerteza, as redes atuantes no segmento de chocolates afirmam que a perspectiva é de um incremento de 10% a 15% nas vendas no período, devido inclusive ao maior número de lojas - como no caso da rede Ofner.

 

Já menos otimista, a pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), indica que a Páscoa deve acompanhar a retração do mercado e ter um decréscimo de três pontos percentuais em relação ao ano passado onde a média de crescimento foi de 7,5% referente ao mesmo período do ano anterior.

 

Independentemente dos indicadores, as redes do comércio estão mais animadas com o aumento do poder de compra da população. A confeitaria Ofner afirma que o consumidor deve sentir o repasse da alta do preços que aconteceram principalmente com o preço do açucar e embalagem, mas ainda assim espera aumento no volume de vendas.

 

A perspectiva do diretor Comercial da marca, Laury Roman, é aumentar o preço do quilo de 8 a 10% em relação ao ano anterior, e o executivo lembra que em 2010 vendeu o quilo do chocolate por R$ 100. Porém, ele garante que seu público são os consumidores que ainda priorizam a qualidade do produto. Tanto que a rede aposta continua investindo no lançamento de novas unidades .

 

Segundo o porta-voz, as próximas unidades devem contribuir com quase metade do crescimento real de 15% que a marca projeta para esse ano. "As lojas foram abertas mais no final do ano, vamos sentir o impacto delas agora após as medidas do governo ", explicou. Apesar de não comentar valores, a empresa afirma que no ano passado o crescimento real foi de 6%. Além de ovos, a Ofner irá vender palomas (a versão pascal do panetone).

 

Concebidas no formato express, com 28 m², as novas unidades da rede receberam aportes médios de R$ 500 mil, e as primeiras a serem inauguradas com esse perfil foram a do Centro Empresarial Berrini e a do Shopping SP Market, ambas localizadas na capital paulista.

 

Quanto ao projeto das novas unidades, a proposta é que elas devem receber investimentos entre R$ 400 mil e R$ 700 mil, de acordo com o tamanho da loja, a localização e adaptação do ponto. "Ainda há espaço para 20 ou 30 lojas em São Paulo", conta. Hoje, a rede conta com 19 pontos-de- -venda, incluindo quiosques em shoppings. Atualmente a doceira possui uma média de compras para cada perfil de consumidor e afirma que as classes C e D, por exemplo, têm um tíquete médio de R$ 7, enquanto as classes A e B têm um gasto médio de R$ 17.

 

A cada mês a fábrica produz 70 toneladas de produtos. As épocas sazonais produziram, respectivamente, no último ano 60 toneladas na Páscoa e 350 toneladas no Natal. A confeitaria Ofner, no mercado há 58 anos, voltou a investir em novas lojas no final do ano passado e pretende manter o ritmo de ao menos duas unidades ao ano até 2015.

 

Mercado

 

As vendas recordes do varejo no último Natal provocaram uma queda na intenção dos consumidores em adquirir bens duráveis e semiduráveis nos três primeiros meses de 2011. Segundo o presidente do Conselho do Provar, Claudio Felisoni, isso acontece pelo aumento do grau de comprometimento do orçamento dos consumidores com crediário, em conjunto com a redução nos prazos dos pagamentos e a expectativa de alta dos juros. "Depois dessa queda, a intenção de compra do consumidor deverá ser retomada nos próximos trimestres deste ano", afirmou ele.

 

De acordo com o levantamento do Provar, 71,8% dos 500 entrevistados na cidade de São Paulo, com renda média entre R$ 1,5 mil e R$ 1,8 mil, afirmaram que pretendem ir às compras neste primeiro trimestre - queda de 4,4 pontos percentuais ante o quarto trimestre de 2010 e de 5,4% sobre igual intervalo do ano passado. A pesquisa constatou que o comprometimento dos consumidores com crediário subiu de 13,3% do orçamento no quarto trimestre do ano passado para 15,5%, neste início de 2011. Já a sobra para outras despesas recuou no período, de 15,9% para 15,7%

 

Segundo Felisoni, as vendas do varejo neste primeiro trimestre de 2011 devem cair num ritmo superior à média que sazonalmente ocorre neste período do ano na comparação com o desempenho do setor em dezembro, principal data do comércio, quando o crescimento ficou próximo a 15% sobre o mesmo mês de 2009. A expectativa do Provar é por vendas 19% menores na média de janeiro a março em relação a dezembro de 2010, enquanto a sazonalidade histórica do varejo nos três primeiros meses do ano situa-se numa queda na faixa dos 17,5% ante o último mês do ano imediatamente anterior.

 

Mesmo diante da desaceleração prevista para o início de 2011, as perspectivas para o varejo seguem positivas, na avaliação de Felisoni. Segundo ele, os prazos de pagamentos deverão ser reduzidos ao longo do ano, porém se manterão num patamar elevado quando comparados ao passado. "O consumidor é mais sensível aos prazos de pagamento do que em relação aos juros", disse. Para ele, a alta prevista pelo mercado terá um efeito restrito nos juros na ponta para os consumidores, uma vez que o aumento da concorrência entre as redes varejistas vem limitando estes repasses.

 

O levantamento destacou que os consumidores de classes A e B vem utilizando cada vez mais a internet para efetuar suas compras no mês de janeiro. Segundo a pesquisa, dos 6.745 internautas consultados no Estado de São Paulo, 90% podem adquirir bens por meio da internet, um percentual superior ao observado em outubro de 2010 (87,5%) e em janeiro do ano passado (88,6%).

 

Estes dados contaram com a parceria da empresa de monitoramento do site de comércio eletrônico e-bit.

 

O varejo se prepara para a Páscoa deste ano com dois cenários: em um deles as redes varejistas seguem mais otimistas, ainda que prevejam alta dos preços, e no outro, entidades preveem o primeiro trimestre mais sofrido com o impacto do pacote monetário devido à alta do açúcar e das embalagens. Apesar da incerteza, as redes atuantes no segmento chocolateiro afirmam que a perspectiva é de incremento de 10% a 15% nas vendas no período, devido inclusive ao maior número de lojas - como no caso da Ofner.

 

Veículo: DCI

 


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