3D ainda é desafio para Nintendo

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Companhia tenta convencer parceiros a criar títulos exclusivos

 

Por 122 anos, a Nintendo tratou apenas de jogos. Depois de dominar os jogos japoneses de cartas, passou para os brinquedos, fliperamas e, por fim, aparelhos de videogames, para os quais criou personagens memoráveis, como Mario, Pikachu, Zelda e Donkey Kong.

 

O atual presidente da Nintendo, Satoru Iwata, tenta dar continuidade a esse histórico. Em 27 de março, a empresa de Kyoto começará a vender um aparelho por US$ 250 nos Estados Unidos chamado Nintendo 3DS, o primeiro portátil de jogos eletrônicos que exibe imagens em três dimensões sem a necessidade de óculos especiais. Até recentemente, a empresa confiava no Nintendo DS e na versão mais recente DSi para dominar o segmento portátil. Os dois produtos foram responsáveis por 57% das vendas de aparelhos da Nintendo em 2010 (a companhia também vende o console de videogames Wii) e por 79% das vendas nos Estados Unidos no segmento portátil, que no total somaram US$ 1,7 bilhão, segundo a empresa de pesquisas NDP Group. A popularidade desses portáteis, no entanto, está em queda desde abril e um novo sucesso de vendas cairia bem para a Nintendo, que começou a trabalhar no 3DS há dois anos. "Terá de ser uma plataforma com aceitação, no mínimo, tão boa quanto o DS ou o consideraremos um fracasso", disse Iwata, em entrevista, em 9 de janeiro.

 

A Nintendo depara-se com novas ameaças da concorrência. A Sony divulgou ontem a nova versão do PlayStation Portable; em fevereiro deverá lançar um telefone especial para jogos, segundo duas fontes próximas aos planos da empresa. Neste ano, Sharp e LG venderão seus próprios smartphones 3D sem necessidade de óculos, que também poderão rodar jogos. A Apple vem conquistando programadores com seu discurso de que o iPhone, iPad e iPod com recurso de toque na tela oferecem o melhor para os jogos casuais.

 

A Nintendo tentou dominar a tecnologia 3D há 15 anos, em 1995, com seu aparelho Virtual Boy 3D, que se colocava na cabeça, mas foi abandonado no ano seguinte. O novo aparelho cria o efeito 3D alternando imagens intermitentes ao olho direito e esquerdo. (Alguns usuários no Japão sentiram-se zonzos com o 3DS; a empresa adverte que crianças com menos de seis anos não devem jogar por possíveis problemas à vista). Um controle deslizante pode intensificar o efeito ou cancelá-lo. O 3DS custa 67% a mais que os US$ 150 do DSI e seus jogos podem custar o dobro. A bateria dura a metade do tempo. "As funções do 3DS precisam ser testadas; não se prestam ao marketing nas mídias tradicionais, como TV e internet", diz Iwata.

 

A Nintendo espera oferecer filmes de Hollywood e conteúdo da rede de TV ESPN ou das ligas de basquete NBA e de futebol americano NFL ainda neste ano. O aparelho também pode usar cartões, que usados com uma das câmeras do 3DS, gera jogos ou outros eventos, agregando imagens da realidade como pano de fundo na tela.

 

"Nada [além do 3DS] oferecerá jogos 3D, vídeos 3D e fotografias 3D no mesmo pacote", diz o presidente da Nintendo nos EUA, Reggie Fils-Aime. A Nintendo direciona grandes esforços para convencer a Activision e a Electronic Arts a criar jogos exclusivos para o 3DS que aproveitem a capacidade do processador do aparelho e de seus gráficos. Haverá cerca de 30 jogos disponíveis antes de junho. Iwata diz que a empresa aprendeu a lição, após a escassez de jogos para o DS original, desenvolvidos por terceiros, ter afetado as vendas iniciais do aparelho. Até agora, a maioria dos programadores está optando por oferecer versões de jogos já existentes do que devotar recursos a novos títulos. "Estamos observando de perto como é a recepção dos consumidores", afirma John Schappert, diretor de operações da Electronic Arts. (Tradução de Sabino Ahumada)

 


Veículo: Valor Econômico


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