Clima adverso vai reduzir safra de maçã em até 25%

Leia em 4min 10s

Colheita começa esta semana no Sul, onde houve geada e granizo

 

Problemas climáticos em regiões produtoras do Sul do país deverão provocar forte queda na safra de maçã que começará a ser colhida na região a partir desta semana. Conforme a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), a quebra poderá ser de até 25%. Segundo Pierre Nicolas Pérès, presidente da entidade, a geada e o granizo prejudicaram o desenvolvimento das frutas, e com isso ele prevê uma colheita de cerca de 1 milhão de toneladas, ou 275 mil a menos do que no ano passado.

 

Em Santa Catarina, polo responsável por 54% da produção nacional, segundo a ABPM, a previsão também é de queda na safra em comparação com o ano passado. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado (Epagri), a estimativa é que os municípios da serra catarinense colham 338,3 mil toneladas, cerca de 12% menos que as 384,4 mil de 2010. Os dados levam em conta a produção de São Joaquim, Urubici, Urupema, Bom Retiro e Bom Jardim da Serra. A região reúne 1,5 mil produtores, a grande maioria de pequeno porte, em propriedades de até 5 hectares.

 

De acordo com Marlise Nara Ciotta, engenheira agrônoma da estação da Epagri em São Joaquim, o granizo atingiu a região entre novembro e dezembro, fase de desenvolvimento do fruto. A geada de setembro também prejudicou os produtores. Segundo Marlise, o frio atinge a planta na época de floração, o que a impede de gerar o fruto.

 

A geada foi a principal responsável pelas perdas da Cooperativa Regional Agropecuária Serrana (Cooperserra), fundada há 34 anos em São Joaquim e que hoje integra 115 produtores e 490 hectares plantados. Segundo o presidente Giovani Franzoi, o grupo deverá colher cerca de 20 mil toneladas de maçã, entre 10% e 15% a menos do que em 2010. Conforme o dirigente, ainda há chances de entre 5% e 7% das frutas serem descartadas, com condições apenas de servir à indústria, em função dos estragos causados pelo granizo. Com isso, na avaliação de Franzoi, os preços pagos aos produtores podem ter um incremento de 10% a 15%.

 

Na safra passada, o preço oscilou entre R$ 0,40 e R$ 0,50 o quilo pago ao produtor. Este ano, na avaliação de Franzoi, podem ultrapassar os R$ 0,60 por quilo. A Cooperserra tem aproximadamente 60% da produção centrada em maçã fuji e seus clones. Os outros 40% são de produção de maçã gala. Apenas 5% da produção é exportada para a Europa.

 

Na Cooperativa Agrícola de São Joaquim (Sanjo), que reúne 80 produtores, a expectativa é colher ao redor de 40 mil toneladas de maçã nesta safra. O volume pode ter uma queda de 10% em relação a 2010 em função dos prejuízos climáticos. A cooperativa foi fundada em 1993 por um grupo de 34 produtores de frutas, jovens imigrantes japoneses, e atualmente é uma das principais beneficiadoras de maçã do país. Tem uma área plantada da ordem de 2,1 mil hectares, das quais 50% são destinadas à variedade fugi. Em 2010, a Sanjo faturou cerca de R$ 60 milhões, 20% a mais do que no ano anterior. Para este ano, a perspectiva é manter a taxa de crescimento. Cerca de 300 pessoas trabalham na empresa.

 

A Renar Maçãs, empresa de Fraiburgo, no meio-oeste catarinense, que detém cerca de 13% da produção nacional da fruta desde que se associou à PomiFrai em novembro de 2010, ainda não tem previsão de resultados para esta safra. Segundo Wendell Finotti, diretor financeiro da empresa, a Renar tomou a decisão estratégica de eliminar pomares antigos para melhorar a qualidade dos frutos. A área de 1,7 mil hectare foi reduzida para 1,6 mil hectare, mas Finotti acredita que a safra terá um ganho de produtividade. Em 2010, foram colhidos 80 mil toneladas da fruta.

 

A expectativa da companhia é que a redução da área plantada seja compensada com a qualidade da fruta. Finotti não aposta em uma elevação grande dos preços da maçã em consequência da possibilidade de importação de países como Chile e a Argentina. Segundo dados do sistema Aliceweb, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram importadas 76,8 mil toneladas de maçãs frescas em 2010, um crescimento de 20% sobre o volume de 2009.

 

No acumulado dos nove primeiros meses de 2010, a Renar apresentou receita líquida de R$ 48 milhões, superior aos R$ 26,4 milhões do mesmo intervalo do ano anterior. Apesar do crescimento nas vendas, o resultado para os três primeiros trimestres de 2010 foi um prejuízo de R$ 3,3 milhões. De dezembro de 2009 a janeiro de 2011, as ações da companhia também recuaram. O papel, negociado a R$ 1,02 no fim de 2009, valia R$ 0,64 na sexta-feira passada.

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Marcas próprias crescem, mas ainda são 4,8% das vendas

Marcas próprias estão em ascensão no varejo brasileiro, e ainda têm espaço para cresce...

Veja mais
Chineses estocam algodão em casa

Yu Lianmin, um produtor de algodão de Huji, China, colheu 3.000 quilos da mercadoria este ano. Apesar dos pre&cce...

Veja mais
Sara Lee define cisão em duas mas não descarta uma venda

A Sara Lee Corp. já foi uma colcha de retalhos de marcas de alimentos e produtos para a casa e tem vendido ou des...

Veja mais
Segredo gelificado

Há doze anos, o italiano Andrea Panzacchi vive entre o Brasil e a Itália. Nas temporadas em que passava po...

Veja mais
Mudou a roupa, trocou o esmalte

Foi-se o tempo em que as mulheres iam à manicure só uma vez por semana. A Risqué constatou em pesqu...

Veja mais
Sabão em pó

Nesta semana, o Walmart lança mais um produto de sua linha própria da categoria de limpeza, o sabão...

Veja mais
Produção de bananas em expansão

Maior demanda estimula os investimentos tanto na ampliação dos bananais como na sua renovaçã...

Veja mais
Regra que garante qualidade do trigo impacta sul do País

Apesar dos bons preços esperados neste ano para o trigo no mercado interno, os produtores gaúchos nã...

Veja mais
Produção de cloro e soda vai a 1,288 mi de t

A produção de cloro no Brasil registrou acréscimo de 1% no acumulado janeiro a dezembro de 2010, em...

Veja mais