Marcas próprias estão em ascensão no varejo brasileiro, e ainda têm espaço para crescer no gosto dos clientes e nas prateleiras do varejo. A participação nas vendas gerais do setor, no entanto, ainda é proporcionalmente modesta. O segmento responde por 4,8% do mercado varejista, que em 2009 obteve um faturamento de R$ 177 bilhões. São mais de 330 as empresas - entre supermercados, atacadistas e farmácias - que investem no segmento , segundo o 16º Estudo Anual de Marcas Próprias elaborado pela Nielsen. Redes como Walmart, Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Carrefour, entre outros, impulsionam o setor.
No passado, os produtos de marca própria eram vistos como algo sem qualidade e neste momento o consumidor começa a perceber o contrário. Segundo dados da Associação Brasileira de Marcas Próprias (Abmapro), o mercado continua em crescimento e acompanha tendências mundiais. A entidade afirma ainda que o estigma que marca própria não são produtos com qualidade está acabando devido as criação de marcas premium.
Com produtos que hoje buscam oferecer mais qualidade, o segmento ganhou visibilidade. Agora o próximo passo do setor, segundo a entidade, é continuar agregando valor aos produtos, como já fazem marcas como Taeq, do Pão de Açúcar, e Viver, do Carrefour, para citar alguns exemplos.
Informações da Nielsen indicam que no ano passado o mercado possuía 65.880 itens na categoria de marcas próprias, ou seja, um aumento de 18% em relação a 2009. Isso aponta que os produtos não estão sendo consumidos apenas pelas classe C e D mas sim de forma democrática, o que depende do posicionamento de cada marca.
De forma geral, um dos papéis das marcas próprias é permitir que o consumidor tenha acesso a produtos de qualidade por um preço acessível e possa consumir outros itens que antes não levaria para casa. Numa cesta básica, as marcas próprias podem proporcionar uma redução de até 20% no preço. O posicionamento premium, como é o caso das já citadas Taeq e Viver. Algumas, inclusive, são segmentadas de acordo com a categoria em que atuam.
Rede de médio porte
Médias pegam carona no bom momento das marcas próprias e investem em linhas que levam seus respectivos nomes. Um exemplo é a supermercadista Coop, que conta com 30 unidades no ABC Paulista e em São José dos Campos, Sorocaba, Tatuí e Piracicaba (interior de São Paulo) e em São Vicente (litoral Paulista). Todos os locais hoje contam com a presença de mais de 490 itens com a marca própria da rede, a Coop Plus, que dispõe de produtos oferecidos em uma cesta básica até itens para a área de pet shop.
Conforme a gerente de marca própria da rede, Daniela Marchiolli, os produtos custam em média 15% a menos do que o item líder da categoria que pertence. A porta-voz ainda adianta ao DCI que este ano a prioridade da empresa é ajustar os itens presentes na linha e retornar com alguns produtos que faziam parte da marca Coop Plus. " Também estamos planejando para o futuro próximo uma linha de produtos light", enfatiza Daniela. Ela afirma não ter uma data concreta para o lançamento dessa linha, mas espera que seja em breve.
Para que não faltem produtos nos pontos de venda a rede conta com 60 fornecedores, e o abastecimento é feito em média a cada 15 dias. A empresa, presidida por Antônio José Monte, também dispõe da linha Delícias da Coop, que possui mais de 150 produtos fabricados na sua central de panificação; mensalmente são produzidas 40 mil unidades de pizza e 150 mil unidades de pães especiais, entre os quais está pão sovado, de ovos, do padre, pão de batata entre outros. Na região do ABC, a Cooperativa detém 24% de market share e no ranking 2009 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) ocupa o 12º lugar em fornecimento bruto.
Fecomércio
Enquanto as marcas próprias se destacam, os preços no varejo de modo geral subiram 4,87% no ano passado, após um leve aumento de 0,46% em 2009. Mais uma vez, o que mais pesou no bolso do consumidor foram os alimentos. No último mês de 2010, o preço das aves vendidas em supermercados, por exemplo, aumentou 9,42%.
No geral, o Índice de Preços no Varejo (IPV), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) registrou alta de 0,56% no mês passado. As chuvas fizeram os preços das verduras disparar 9,25% em dezembro.
Entre os grupos que apresentaram queda de preço em dezembro e colaboraram para manter a alta geral do IPV em patamar mais modesto, está o de eletroeletrônicos.
A queda de 1,50% foi proporcionada pela questão cambial, que faz com que o eletrônico importado entre no Brasil mais barato pela concorrência com o mercado informal, que obriga o comerciante a baixar mais os preços para tentar reduzir as perdas; e pelas rápidas mudanças de tecnologias.
Veículo: DCI