Vicunha negocia fábricas na Argentina

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Empresa fecha acordo para ter produção terceirizada de denim no país, e tem prazo até 30 de junho para a compra de três fábricas pertencentes ao grupo Ullum; atualmente, grupos brasileiros já respondem por 75% da produção do tecido na Argentina

 

A Vicunha Têxtil anunciou ontem o primeiro passo para seu desembarque na Argentina, com o fechamento de um acordo com o grupo argentino Ullum para iniciar a produção de denim. O grupo argentino possui as fábricas da Tinturaria Ullum, a Têxtil Galícia e a Têxtil Panamá. A produção para a Vicunha começará imediatamente. Além disso, a Vicunha firmou um acordo de opção para a compra das fábricas, que vence em 30 de junho.

 

A produção nas três fábricas da Ullum, localizadas na província de San Juan, na fronteira com o Chile, devem aumentar de 300 mil para 500 mil metros de denim (tecido usado nos jeans) por mês para atender à Vicunha. No caso da compra das fábricas, o projeto da empresa é ampliar a produção para 2 milhões de metros de denim por mês.

 

Nessa hipótese, a Vicunha investiria US$ 40 milhões para modernizar e aumentar a capacidade das fábricas em San Juan, província que há até poucos anos era somente conhecida por ser o berço de Domingo Faustino Sarmiento - ex-presidente, um intelectual, conhecido como o "pai da educação pública" -, além da produção de vinho e azeitonas.

 

Pablo Jedwabny, diretor de operações da Vicunha na Argentina, declarou à imprensa que "a produção está pensada, a princípio, para atender à demanda do mercado argentino".

 

A província de San Juan é comandada pelo governador José Luis Gioja, aliado da presidente Cristina Kirchner. Em diversas ocasiões a presidente deixou claro que possui interesse no desembarque de mais grupos brasileiros que desejem investir na Argentina.

 

A província de San Juan está longe da fronteira com o Brasil e da maior parte dos centros consumidores argentinos. Além disso, não conta com algodão, matéria-prima essencial para a produção de denim. No entanto, o governo provincial oferece linhas especiais de crédito, além de uma série de vantagens tributárias e mão de obra qualificada e barata.

 

Atualmente, cerca de 75% do mercado de denim argentino é controlado por empresas brasileiras, entre elas a Santana Têxtil, a Alpargatas e a Santista. O setor têxtil argentino também conta com a presença da Coteminas. Em 2007, a empresa mineira comprou a empresa argentina Grafa, na província de Santiago del Estero.

 

A compra de fábricas na Argentina foi a melhor forma de driblar as constantes medidas protecionistas exigidas pelas empresas têxteis do país. Nesse ciclo de compras, que ganhou força especialmente depois da crise argentina de 2001-2002, está incluída a aquisição em 2008, por parte da Camargo Corrêa, de um dos símbolos do setor têxtil do país, a Alpargatas, fundada em 1885.

 

Primeiro investidor. O ex-secretário de Indústria, Dante Sica, disse ao Estado que as empresas brasileiras instaladas na Argentina investiram no país US$ 14,104 bilhões entre 2002 e 2010. Segundo o secretário da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, "o Brasil se transformou no primeiro investidor estrangeiro na Argentina".

 

No total existem 160 empresas brasileiras nos mais diversos setores na Argentina, entre os quais cimento, petróleo, informática, sistema bancário, autopeças, calçados e plásticos, entre outros. Os principais investimentos realizados no país pertencem à Petrobrás (US$ 5,16 bilhões) e à mineradora Vale (US$ 4,57 bilhões).

 


Veículo: O Estado de S.Paulo



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