Aporte da Infraero impulsiona setor de cargas

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Com cerca de R$ 571 milhões para serem aplicados nestes próximos quatro anos, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) abre espaço para as empresas que atuam no transporte aéreo de cargas crescerem. O movimento começa a acontecer, já que uma das empresas desse ramo, a Lufthansa Cargo do Brasil espera faturar em 2011 em torno de US$ 256 milhões - 6,6% a mais do que no ano anterior, devido ao aumento do número de galpões que serão disponibilizados, o que tende a aumentar sua capacidade. Para a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Internacional Expresso de Cargas (Abraec), a atividade terá um incremento de até 5% em 2011, acompanhando o ritmo da economia do País.

 

Ricardo Gelain, diretor de Marketing da TNT Express Brasil: "Hoje vivemos uma situação excelente de crescimento do volume de cargas, tanto do País para o exterior como vice-versa. Mas para que isto perdure os investimentos que a Infraero está prometendo são imprescindíveis."

 

Nos últimos dois anos, o segmento de transporte de cargas aéreas se expandiu no País, em alguns casos, vertiginosamente, tanto que no ano passado a atividade movimentou por aqui 1,174 bilhão de quilos - em 2009, esta quantidade ficara em 1,114 bilhão de quilos transportados.

 

No caso do aporte acima de meio bilhão de reais, previsto pela Infraero, o dinheiro vai principalmente para a construção, reforma e ampliação de novos terminais e para a aquisição de equipamentos, bem como a modernização dos complexos logísticos da empresa espalhados pelos aeroportos. A construção de um terminal modular estruturado no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), a conclusão do estacionamento remoto de caminhões e a expansão do complexo logístico do aeroporto de Manaus (AM) e a ampliação deste mesmo tipo de complexo no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba, são algumas das principais iniciativas que fazem parte do pacote.

 

Pista de porta-aviões

 

Apesar da projeção de crescer apenas 7% este ano, em relação a 2010, que por sua vez foi um ano ótimo para a empresa, que teve incremento de 38% em comparação com 2009, um problema enfrentado pela atividade no Brasil é o da extrema concentração das operações em poucos aeroportos preocupa, diz Cleverton Vighy, gerente regional para o Brasil da Lufthansa Cargo. Ele estima que quase 80% da carga que entra ou sai do País por avião o faça pelos aeroportos de Guarulhos ou Viracopos, em Campinas (SP).

 

Segundo o executivo, é claro que uma forte descentralização aqui seria benéfica à própria saúde econômica do País. Mas aí esbarra-se na questão da (falta de) infraestrutura. "A pista do aeroporto de Curitiba, o Afonso Pena, parece a pista de um porta-aviões, de tão curta que é", lamenta Vighy. Isto acaba limitando muito o tamanho e o peso que uma aeronave pode ter para que possa pousar ali, o que inviabiliza um uso mais intenso do local para o transporte de cargas. Ainda assim, o impulso de ampliar o raio de ação da empresa levou a Lufthansa Cargo a anunciar em janeiro o início de seus voos diretos Frankfurt-Manaus: serão dois por semana.

 

Boeings

 

Um elemento que diferencia as empresas que atuam no setor é a opção por ter ou não aviões próprios. Embora a maior parte do transporte aéreo, no Brasil e no mundo, se dê nos porões dos voos de passageiros, possuir frota própria multiplica a capacidade de operação de uma empresa. Este é o caminho que a UPS do Brasil resolveu trilhar. "Os serviços de nossa companhia no País são feitos com dois aviões próprios, dois Boeing 767. Um destes foi integrado em 2010. Ao acrescentá-lo, substituímos o Boeing 757 usado anteriormente", explica Mauro Ribeiro, supervisor da divisão de Air Cargo da UPS. Ele diz que a incorporação do novo avião aumentou a capacidade de carga aérea internacional da empresa em 20%, ano passado. "[A estratégia]também aumentou nossa capacidade de peso em 80 mil libras (aproximadamente 36 toneladas), a qual passou de 400 mil para 480 mil libras", completa ele.

 

Outras organizações abordam de forma diferente este ponto. A DHL Express, braço para o transporte de cargas do correio alemão, possui cerca de 400 aeronaves em todo o mundo - mas no Brasil, nenhuma. "Trata-se de uma opção estratégica. Agindo assim, não amarramos nossa operação aos limites de uma frota própria. Quando precisamos de aviões, os contratamos com terceiros, simplesmente - o que nos dá a chance de manter o foco na excelência do atendimento ao cliente e não na manutenção de aeronaves", explica Juliana Soares Vasconcelos, diretora de Marketing e Varejo da DHL Express. Mas ambas as empresas têm em comum o otimismo: Juliana acredita que em 2011 a atividade de importação feita pela DHL vai se expandir 35%, repetindo a performance do ano passado - e Mauro Ribeiro vai na mesma linha. "O setor está aquecido e em crescimento. Só no ano passado, a UPS aumentou a capacidade de carga em 20% (com a troca de aviões), um índice vigoroso", afirma ele.

 

Previsão

 

A Gollog, diretoria para o setor da Gol Linhas aéreas, está pronta para seguir a tendência de incremento nos negócios no setor este ano, e estima crescer 7% em relação a 2010. As operações da Gollog se dão via aproveitamento dos espaços ociosos dos porões das aeronaves da Gol - uma frota de 112 aviões da família Boeing 737. O foco da Gollog em 2011 é a expansão de sua rede franqueada e a meta é chegar a 144 unidades e atender até três mil cidades.

 

"Estamos a procura de parceiros, com conhecimento logístico, que se identifiquem com a natureza de nossa operação para a abertura de novas franquias em locais que tenham o perfil do negócio e careçam de atendimento especializado em serviços de cargas aéreas. Atualmente, a lista de interessados já conta com mais de dois mil cadastrados", declara Carlos Figueiredo, diretor de Cargas da Gol.

 


Veículo: DCI

 


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