Electrolux vai aumentar preços

Leia em 3min 30s

O novo presidente mundial da Electrolux, Keith McLoughlin, fez ontem a sua primeira apresentação ao mercado, e já chegou fazendo algum barulho. No cargo há apenas um mês - o antigo ocupante da cadeira, Hans Stråberg, se aposentou - o executivo disse, em conversa com analistas, que a empresa terá de fazer aumentos de preços em todos os mercados. Contou que não tem nenhum "plano de aquisições", mas "planos de crescimento", deixando claro a distinção entre eles. E à pergunta mais capciosa, respondeu com elegância ao dizer que os produtos dos coreanos concorrentes, e citou LG e Samsung, até são bons, "mas nós vamos jogar o nosso jogo".

 

Em entrevista exclusiva ao Valor, concedida por telefone da sede da empresa, em Estocolmo, minutos antes de ele entrar na conferência com os analistas, McLoughlin falou de expectativas em relação ao Brasil e do peso do mercado nos resultados e estratégia do grupo. Disse que o país se transformou em 2007 no segundo maior mercado do mundo em volume de vendas do grupo sueco. O país só perde para os EUA, diz ele, sem abrir os números.

 

"É um desempenho fantástico. O Brasil cresce a dois dígitos ao ano e se transformou numa das bases em que mais investimos na área de refrigeradores e freezers no mundo", disse ele. Desde o ano passado, a empresa estuda a possibilidade de abrir novas fábricas no país até 2015. A expansão da classe média brasileira tem peso nisso, lembra ele. "É uma massa enorme de consumidores e nossa equipe no Brasil tem trabalhado toda a estratégia ciente disso".

 

McLoughlin disse que a América Latina respondeu por cerca de 50% da taxa de crescimento das vendas do grupo no mundo em 2010. Em relação ao lucro líquido, a região chega a representar 23% da taxa de expansão. O Brasil é o mercado que mais contribuiu para os resultados do grupo na região.

 

Relatório de resultados publicado ontem mostra que as vendas do grupo no mundo somaram 106,326 bilhões de coroas suecas (US$ 14,75 bilhões) em 2010, queda de 2,6% em relação a 2009. Na América Latina, a expansão no valor foi de 22%, índice de crescimento mais alto entre todas as áreas. Esse ritmo de alta deve nortear a estratégia do grupo no mundo. Explica-se: ao ser questionado ontem por analistas sobre o interesse do grupo em comprar novas empresas, McLoughlin foi muito claro. "Não falo em políticas de aquisição, mas em políticas de crescimento. Nós queremos vender mais em regiões em que já estamos nos expandindo organicamente".

 

Esse desempenho positivo em mercados emergentes, como o Brasil, no entanto, não deve tornar a região imune a medida anunciada pelo grupo ontem. Depois do presidente da empresa rival Whirlpool, Jeff Fettig, ter dito semanas atrás que não é "economicamente viável" manter promoções de preço para elevar a demanda em mercados maduros, a Electrolux diz que vai se mexer nessa direção.

 

A empresa sueca planeja aumentar entre 8% a 10% os preços na América do Norte a partir de abril, estendendo gradualmente os reajustes para a Europa e, a partir dali, para outros mercados no mundo.

 

"Faremos análises individuais para cada região. Continuamos a ver pressão nos preços de insumos em mercados muito importantes para nós". A empresa já fez um cálculo do tamanho do peso nas contas futuras. Estima-se que os custos das matérias-primas para a companhia vai aumentar entre US$ 230 milhões a US$ 310 milhões neste ano. Para a Whirlpool, a alta chegaria a US$ 300 milhões.

 

No Brasil, não houve movimentações no mercado em torno de reajustes nos contratos de fornecimento do ano nos últimos seis meses. Mas começam a surgir informações na indústria siderúrgica de que a alta no preço das commodities possa elevar o valor do aço por aqui.

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Programa do governo precisa ser divulgado, diz farmácia

Apesar de ser um dos programas mais bem avaliados do governo, o Farmácia Popular, que teve ampliaçã...

Veja mais
PepsiCo investe para dobrar de tamanho no norte e nordeste

A PepsiCo, líder no Brasil no segmento de snacks ("salgadinhos"), tem planos de ampliar presença nas Regi&...

Veja mais
Aporte da Infraero impulsiona setor de cargas

Com cerca de R$ 571 milhões para serem aplicados nestes próximos quatro anos, a Empresa Brasileira de Infr...

Veja mais
Rede Taeq inicia nova promoção

Com ação de vendas com descontos, o Grupo Pão de Açucar acaba de reforçar a comercial...

Veja mais
Walmart amplia marca própria

A rede sumermercadista Walmart lança na próxima semana um novo produto na categoria de limpeza da marca Bo...

Veja mais
Venda da Casa & Vídeo para o BTG abre nova onda de fusões no setor

Recomeça a onda de fusões e aquisições no setor varejista brasileiro, com o anúncio, ...

Veja mais
É de 47% a alta dos alimentos em 1 ano

As cotações dos produtos básicos no mercado internacional sobem sem parar, com destaque para alimen...

Veja mais
Cremer inicia disputa contra Mabesa, da Hypermarcas

A fabricante de produtos médicos Cremer obteve na Justiça uma liminar que obriga a Mabesa, controlada pela...

Veja mais
Panasonic prevê cortar custos

A Panasonic planeja cortar mais custos para competir com rivais sul-coreanos incluindo a Samsung depois que a forte comp...

Veja mais