Logística reversa cresce, soma US$ 20 bi e prevê crescer 10%

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As empresas que atuam no segmento de logística reversa - ou seja, no transporte de bens, embalagens e de outros materiais dos consumidores às empresas ou do pós-consumo às empresas - movimentaram no ano passado cerca de US$ 20 bilhões. A atividade já atinge a cerca de 10% de tudo que é vendido no País, e a projeção para este ano é que ela cresça de 10 a 12%. Para empresários do setor, o mercado ainda é embrionário e demonstra potencial em áreas como da indústria do plástico, o segmento de combustíveis, setor editorial, além das telecomunicações - especialmente promissoras para a logística reversa, principalmente com o aumento da preocupação das empresas com sustentabilidade.

 

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Logística (Aslog) Rodrigo Vilaça, o mercado nacional deste segmento tem muito a crescer. "Nos EUA, por exemplo, a Reverse Logistics Association, que representa o setor naquele país, calcula que a logística reversa movimente mais de US$ 750 bilhões em gastos ao ano", afirmou ele.

 

No Brasil, as empresas de diversos setores chegam a ter de 5% a 10% dos produtos que colocam no mercado devolvidos por algum motivo - e isto se faz com a logística reversa. Só no caso específico do pós-venda, a área movimenta no País R$ 16 bilhões/ano e há atividades, como o mercado editorial, em que até 50% de tudo que é colocado no mercado é de alguma forma devolvido às companhias. O custo do pós-venda no Brasil equivale a cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, indicam estimativas do setor.

 

Ao ver tais excelentes perspectivas para a atividade, a empresa Talog irá inaugurar dia 17 de fevereiro um novo centro de distribuição (CD) em Recife (PE). O espaço está localizado ao lado do aeroporto de Guararapes, e fica próximo ao polo industrial da região - considerado um dos maiores do Nordeste do País. A Talog integra as empresas da holdingTA - Transportadora Americana, e é considerada uma das maiores do setor no mercado nacional. A empresa atende ao mercado de transporte nos segmentos farmacêutico, químico, veterinário, cosméticos, autopeças e eletrônicos, dentre outros.

 

Plástico

 

Outra companhia - esta de menor porte - que viu no segmento de logística reversa um filão interessante é a TerraCycle, que se foca na reciclagem de produtos. A empresa afirma ter encontrado no transporte de insumos e itens descartados e na sua transformação em produtos de consumo "verdes" uma área nova, e desafiante. Segundo Guilherme Brammer, presidente da empresa, alguns dados dão conta do porte local do setor: "Só a reciclagem de plásticos no Brasil (um das atividades mais representativas da logística reversa) cresce de 7 a 8% ao ano", revela.

 

Em 2011, a projeção é que esta área de reciclagem movimente em torno de R$ 6 bilhões. O executivo explica que a empresa faz todo o atendimento aos clientes, da retirada do produto, até o processamento. E as palavras dele são complementadas pelas de Miguel Bahiense, diretor executivo da Plastivida - Instituto Sócio Ambinetal dos Plásticos: "É fundamental ressaltar que o índice de reciclagem mecânica no Brasil, 21,2%, é maior do que o índice médio da comunidade européia, que é de 18,3% - e isto levando-se em conta que os europeus contam com bem mais infraestrutura no setor do que nós".

 

Razões

 

O professor Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), dá algumas razões pelas quais a logística reversa vem crescendo tanto no País: "A quantidade de produtos em circulação cresce, acompanhando a própria economia, e muitos são novos e ainda sujeitos a falhas. Há também uma tendência à redução do ciclo de vida dos bens produzidos e legislações cada vez mais duras no que tange à qualidade que os mesmos tem de apresentar para que não sejam passíveis de devolução".

 

Vilaça, da Aslog, complementa: "A logística reversa no Brasil é uma tendência. O setor será cada vez mais importante, e se uma organização não o levar em conta certamente perderá mercado". E quais as demandas que o setor apresenta? Renata Franco, advogado especializada no assunto, aponta: "O que falta no Brasil é incentivo ao setor empresarial para que este recicle mais e, ao fazê-lo, use mais de logística reversa. Precisamos de redução de tributos na atividade", pede ela. "Sem dúvida alguma, uma menor tributação sobre a logística reversa é essencial para a saúde da atividade no País e, consequentemente, para toda a economia nacional", reforça Rodrigo Vilaça.

 


Veículo: DCI


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