Produção de celulose pára por melhor preço

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A Votorantim Celulose e Papel (VCP), que anuncia hoje seus resultados do terceiro trimestre de 2008, deve ser a próxima empresa do setor de papel e celulose a anunciar sua parada de produção, segundo analistas ouvidos pelo DCI. A empresa segue a trilha de concorentes como a Suzano, que anunciou ontem a parada de sua unidade de Mucuri na Bahia e da Cenibra, que afirmou que já estuda algumas alternativas ao cenário do mercado, não descartando também uma parada de sua produção.

 

O setor de papel e celulose é um dos mais afetados ppela crise internacional, principalmente com a celulose, uma commodity que em dois meses apresentou queda de preço médio de aproximadamente 10%, motivado pela redução de demanda. As paradas são motivadas pelo alto nível dos estoques mundiais de celulose que segundo o analista da corretora Geração Futuro, Felipe Ruppenthal, está em aproximadamente 41 dias para o mês de agosto, sendo que nesse período o normal são 36 dias.

 

Com isso, o valor da celulose vem caindo nas principais três grandes regiões consumidoras, América do Norte, Europa e, principalmente, China, que tem registrado queda nos pedidos de clientes nos Estados Unidos em função da crise econômica naquele país.

 

"O preço da celulose caiu US$ 20 por tonelada somente em outubro, é mais uma redução que juntando à registrada em setembro chega a US$ 80 por tonelada", afirma o analista.

 

Por essa razão, explica ele, as empresas anunciaram paradas para adequar o estoque e evitar maiores quedas. Os preços na América do Norte estão em US$ 825 por tonelada, na Europa é de US$ 800 por tonelada e na Ásia o produto é cotado em US$ 760 por tonelada. Porás, as previsões para 2009 são positivas, Ruppenthal afirma que o produto nacional irá ter mais vantagens a partir de janeiro, quando entra em vigor a nova tarifa que a Rússia cobrará para a exportação da madeira que alimenta o setor na Europa. "Com isso, muitas empresas poderão fechar fábricas no hemisfério Norte e o Brasil poderá ganhar maior participação no mercado mundial de celulose", prevê o analista.

 

Os investimentos para 2009 serão prejudicados com o adiamento de expansões e novas fábricas. No caso da Suzano, que pretende investir mais de US$ 6 bilhões na construção de três novas fábricas com capacidade de produção de 1,3 milhão de toneladas por ano, e expandir a unidade que terá as operações interrompidas em novembro, na Bahia, em 400 mil toneladas, os aportes serão confirmados apenas em 2011. Os casos da VCP e o projeto de Losango e a Stora Enso, ambos no Rio Grande do Sul, estão em compasso de espera.

 

Procurada para comentar o cenário do setor, a presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes, afirmou por meio de nota de sua assessoria de imprensa que "o setor de celulose e papel faz investimentos de longo prazo e, portanto, seria prematuro fazer uma avaliação em um momento de instabilidade nas economias mundiais".

 

No vermelho

 

Enquanto o mercado de celulose apresenta essa indefinição, a maior fabricante de papel e embalagens, a Klabin anunciou ontem que irá frear os investimentos previstos para 2009 que, deverão apenas manter as operações da empresa, que segundo o diretor-geral da empresa, Reinoldo Poernbacher, não deve passar de R$ 400 milhões.

 

"Não haverá redução de oferta de nenhuma linha de produção em função de preço de mercado", afirmou o executivo, que destacou uma "sólida posição financeira" da empresa apesar do prejuízo de R$ 253 milhões no terceiro trimestre de 2008. Segundo ele, esse foi o resultado da desvalorização do real frente o dólar mas que não tem nenhum efeito no caixa da empresa.

 

Segundo o diretor da empresa, a receita que a Klabin aplicará é "sentar no caixa da empresa e esconder a chave do cofre". Para os investimentos de longo prazo, ele afirma que poderão ser postergados, mas que os estudos para aumentar a capacidade instalada da empresa, pois eles acreditam que o ano de 2009 será melhor do que 2008. Ele credita essa confiança à ocupação de toda a capacidade produtiva de duas novas máquinas totalmente contratadas e o investimento em expansão da área florestal própria em 17 mil hectares e fomentar outros 10 mil hectares junto a terceiros.

 

Apesar desses anúncios otimistas a empresa não aplicou todos os recursos destinados para o ano de 2008. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Klabin, Sérgio Alfano, o orçamento para este ano contemplava investimentos de R$ 750 milhões a R$ 800 milhões, mas até o final de setembro a empresa havia empregado apenas R$ 486 milhões.

 

"Até o final deste ano devemos aplicar mais R$ 120 milhões nas operações e fechar 2008 com R$ 600 milhões", disse Alfano.

 

Sobre os resultados da empresa, Alfano revelou que o endividamento bruto da Klabin em setembro era de R$ 4,901 bilhões, sendo metade desse valor em moeda estrangeira (dólar), fato que contribuiu para a empresa ficar no vermelho nos últimos três meses.

 

Para Poernbacher, a alta do dólar terá mais efeitos positivos do que negativos para a empresa, pois a companhia tem um alto volume de exportações e que isso irá aumentar o caixa. Segundo ele, cerca de 30% da receita da empresa é originada de exportações, cerca de R$ 550 milhões.

 

A empresa registrou uma redução nas linhas de crédito cujo prazo não passa de 90 dias.

 

Veículo: DCI


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