Estão em estágio avançado as negociações entre a americana H.J. Heinz e a Quero Alimentos (Coniexpress) para uma operação conjunta no Brasil. "Pode ser uma aquisição ou uma parceria", disse ao Valor um executivo ligado às conversas. No caso de aquisição, o valor da transação pode chegar a R$ 1 bilhão, segundo fontes do mercado.
Ontem, num encontro com analistas na Flórida, o presidente da Heinz, William Johnson, disse que a companhia está "avaliando ativamente" oportunidades em mercados emergentes, como Vietnã e Brasil. "Atuar para consumidores em mercados desenvolvidos é crucial, embora haja uma oportunidade de crescimento maior que todas as outras: os mercados emergentes", disse Johnson.
No mercado brasileiro, a Heinz não tem operações diretas. Seus produtos - dentre eles o ketchup Heinz - são vendidos por meio de distribuidoras importadoras. Boa parte das vendas da empresa com sede em Pittsburgh vem de fora dos Estados Unidos. Até 2016, segundo o executivo, os mercados emergentes devem gerar cerca de um terço do faturamento da companhia, que tem presença em cerca de 200 países. A Heinz, que ainda não divulgou os resultados de seu terceiro trimestre fiscal, tem vendas anuais de US$ 10 bilhões.
Já as vendas da Quero Alimentos somam cerca de R$ 600 milhões ao ano. A companhia, que foi fundada em 1985, em Jundiaí, no interior de São Paulo, tem hoje uma única fábrica, em Nerópolis (GO). Com uma linha de produtos que inclui molho de tomate, ervilhas, azeitonas, feijão pronto, ketchup e temperos, entre outros itens, a companhia conquistou posição de liderança ou de vice-liderança na maioria dos segmentos em que atua.
A Quero é presidida por Salvador Paoletti, filho do descendente de italianos Carmello Paoletti, um dos maiores pioneiros da indústria de molhos de tomates no país. "Foi ele quem trouxe o ketchup para o Brasil", disse um varejista que não quis se identificar. Carmello fundou a Etti, uma das maiores empresas de processamento de tomates, doces, conservas e condimentos do país, que agora pertence à Hypermarcas.
Segundo fornecedores da empresa, a transação com a Heinz está em fase final. "Muitos fornecedores receberam uma enorme quantidade de relatórios para preencher para apresentar à 'due dilligence' da Heinz", disse um deles. Procurada pelo Valor, a Quero não se pronunciou sobre o assunto.
Veículo: Valor Econômico