Produtos em inglês perdem mercado

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Nomes estrangeiros prejudicam a propaganda boca a boca nas classes populares de itens de beleza e higiene

 

Natura e Jequiti preferem usar nomes nacionais; algumas marcas ainda ligam outro idioma a luxo

 

O crescimento do consumo de produtos de higiene e cuidado pessoal pelas classes mais baixas gera desafios para a indústria brasileira.

 

De acordo com Renato Meirelles, do Data Popular, as embalagens ainda contêm uma série de nomes em inglês -ou outros idiomas-, dificultando o entendimento do consumidor popular.
"Como 69% dos consumidores das classes C, D e E fazem propaganda boca a boca, se eles não sabem pronunciar o nome dos produtos, a força de marketing se perde", afirma Meirelles.

 

Muitas marcas ainda recorrem ao antigo clichê de que os nomes em outro idioma trazem sofisticação aos produtos, diz Ana Cristina Puttini, gerente de identidade verbal da consultoria de marcas Interbrand.
"Faz parte da estratégia de passar uma ideia sofisticada, mas acho que não é por aí. Não acredito que o consumidor deixaria de comprar um perfume, por exemplo, porque ele tem o nome em português", afirma.

 

Puttini diz também que muitas marcas comercializadas no país se espelham em empresas estrangeiras.
Para ela, porém, os termos em inglês ou outros idiomas podem deixar de ser problema no curto prazo.
"O público tem acesso a informações em computador -os nomes das redes sociais, por exemplo, são em outras línguas. Tem gente que não sabe pronunciar hoje, mas rapidamente saberá."

 

NA CONTRAMÃO

 

A especialista em marcas cita a brasileira Natura como referência em termos de nomes. A fabricante de cosméticos vai na contramão do mercado e baseia sua estratégia em exaltar o Brasil.

 

A Jequiti, que tem produtos baratos que atraem a classe C, também tem nomes em português na maioria de seus produtos, como o protetor solar Fotosim e a linha de maquiagem Elas.

 

Mulheres compram mais ao trabalhar fora

 

A entrada das mulheres no mercado de trabalho fez com que os produtos de beleza ganhassem destaque no consumo das famílias. Pesquisa do Data Popular com 5.000 entrevistadas mostra que 69% delas investem na aparência para crescer na vida.

 

Rubiana de Sousa, 34, é revendedora da Jequiti em Osasco há três anos. De acordo com ela, suas clientes sempre citam a preocupação em "estar bem" para ir ao trabalho.
"Quando eu não trabalhava, ficava mais largada em casa. Eu até pedia para o meu marido me levar ao shopping de vez em quando, para poder me arrumar um pouco", conta.

 

O número de mulheres trabalhando cresceu 3,5 vezes entre 2002 e 2009.


Veículo: Folha de S.Paulo


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