Heinz paga R$ 1 bilhão por 80% da Quero

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Empresa com foco na classe C marca início de produção local para a gigante americana

 

A gigante americana do setor alimentício Heinz comprou 80% da brasileira Quero Alimentos, companhia que fatura cerca de R$ 600 milhões ao ano. O negócio, calculado em R$ 1 bilhão, foi confirmado por fontes próximas à negociação e pela Prefeitura de Nerópolis (GO), que abriga a fábrica da Quero. A Heinz deverá anunciar a aquisição oficialmente depois da divulgação de seus resultados trimestrais, marcada para hoje.

 

A aquisição faz parte da estratégia da Heinz de angariar pelo menos 30% de suas receitas mundiais em nações desenvolvidas até 2015. Dentro deste objetivo, a companhia adquiriu a chinesa Foodstar em novembro por US$ 163 milhões - desde então, por conta dos resultados acima da expectativa, já anunciou a abertura de uma segunda fábrica da companhia para este mês.

 

No Brasil, a Heinz hoje somente distribui produtos importados. Com a Quero, poderá tanto ampliar a comercialização de produtos com a marca-mãe, de caráter premium, quanto estar representada na classe C, nicho no qual a Quero é mais forte. De olho na situação de "ganho duplo", a multinacional já tem a opção de comprar os 20% restantes da Quero.

 

Segundo informações de mercado, a aposta da Heinz no mercado brasileiro não é nova. No início dos anos 1990, já de olho na expectativa de incremento do consumo, a empresa prospectou a abertura de uma fábrica no País, mas acabou por adiar os planos, que só se concretizam agora, quase 20 anos depois.

 

Segmentos. Segundo a consultoria internacional Euromonitor, a Quero é vice-líder em vegetais enlatados no País, com 21,4% de participação, atrás somente da Brasfrigo, dona das marcas Jurema e Jussara. Em massas e molhos de tomate, a companhia aparece na sétima posição, mas tem participação relevante (5%). O mercado de atomatados, embora pressionado por margens bastante baixas, movimenta o equivalente a US$ 524 milhões ao ano no Brasil, segundo a Euromonitor.

 

O diretor da consultoria Alvarez & Marsal, José Carlos Peluso, afirma que a estrutura de distribuição da Quero é um dos fatores que justificam o preço pago pela empresa. "A marca está presente em todos os principais varejistas, como Walmart, Carrefour e Pão de Açúcar, mas tem forte presença também no pequeno e médio varejo. No Nordeste, o custo-benefício associado a seus produtos permite que ela incomode concorrentes de relevância regional", explica.

 

O consultor diz que outra vantagem da Quero é o parque industrial, que acomoda facilmente projetos de expansão. Há informações de que a Heinz já teria solicitado à Prefeitura de Nerópolis autorização para expandir a linha de produção. Segundo Peluso, uma das opções para ampliar a oferta de produtos no País seria apostar na linha de sopas - para o especialista, caso seja adaptado ao paladar nacional, o produto pode bater de frente no mercado local com marcas tradicionais como Knorr e Maggi.

 

Para Adalberto Viviani, da consultoria em alimentos e varejo Concept, outro aspecto positivo da aquisição são os incentivos tributários oferecidos às empresas que optam por instalações no Centro-Oeste. "É um negócio de oportunidade", diz.

 

Procurada, a Quero Alimentos afirmou que todo o seu departamento de marketing estava em reunião durante a tarde de ontem. A assessoria de imprensa da Heinz disse que não comentaria o assunto.

 

Cargill conclui compra de marcas da Unilever


 
A norte-americana Cargill concluiu ontem a compra dos negócios de atomatados da Unilever Brasil por R$ 600 milhões, anunciada em setembro de 2010, de acordo com o vice-presidente sênior da Cargill, Sérgio Rial. Com o acordo, a Cargill passou a ser proprietária das marcas Pomarola, Tarantella, Elefante e Pomodoro. A gigante norte-americana já é dona das marcas Lisa e Gallo no País.

 

O segmento de atomatados é novo para a Cargill no Brasil e no mundo. ?O negócio aumenta o leque de produtos que hoje nós temos nos grandes varejistas, como Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, e nos diversos supermercados regionais?, diz Rial.

 

O negócio inclui a fábrica da Unilever em Goiânia, de 135 mil metros quadrados, onde já é produzida toda a linha de tomate. O acordo prevê que a Unilever continue usando uma parte da planta para a fabricação de outros produtos.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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