Produtos de fora predominam no setor de vestuário

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Já existem setores industriais no país em que praticamente todo o aumento de consumo está sendo atendido por importações, segundo estudo do Credit Suisse.

 

Foi o que ocorreu, por exemplo, nos segmentos de equipamentos eletrônicos e de comunicação e vestuário entre 2003 e 2010.
"O crescimento das importações dificultou a expansão da produção de alguns setores", diz trecho do estudo da do Credit Suisse.

 

Em 8 de 15 setores mencionados no estudo, o peso dos importados no consumo total, no mínimo, dobrou entre 2003 e 2010 (ver quadro nesta página).
O robusto crescimento das importações e a desaceleração da produção industrial nos últimos meses alimenta um debate polêmico no Brasil: o país estaria ou não se desindustrializando?

 

Nilson Teixeira, economista-chefe e autor do estudo do Credit Suisse, discorda da tese da ameaça de desindustrialização. O banco projeta expansão de 3,5% da produção industrial em 2011, mas aposta em continuação do aumento das importações.
"É natural esperar que as importações continuem crescendo em um país com economia ainda fechada como o Brasil. Mas isso não significa que o país esteja se desindustrializando."

 

Teixeira acredita que os setores nos quais o país não tem o que em economia se chama "vantagem comparativa" (condições competitivas de produção em relação a outros mercados) tendem a sofrer mais fortemente.

 

Mas, na opinião dele, o crescimento das importações é positivo para o Brasil.
Segundo o economista, as importações facilitam o acesso de empresas a tecnologias mais avançadas.

 

Já para os consumidores, a consequência é que aumenta o leque de produtos ofertados no mercado interno a preços mais acessíveis do que seriam em um ambiente menos competitivo.

 

Rogério de Souza, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), concorda que o crescimento das importações é positivo para o país. Mas alerta que o forte ritmo de expansão causa preocupação hoje no Brasil.
"Há muitos casos em que os bens importados estão tomando o lugar da produção nacional", diz ele.

 

Souza diz que medidas para melhorar as condições de infraestrutura e facilitar o acesso de empresas de menor porte ao crédito ajudariam a elevar a competitividade da indústria nacional.
"Acho que o governo caminha nessa direção", diz.

 

O governo Dilma prometeu, de fato, ações para tornar a indústria nacional mais competitiva e frear o crescimento das importações (principalmente as vindas da China), mas nenhuma medida foi anunciada até o momento.(EF)

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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