De vestuário a utensílios de cozinha. Os produtos asiáticos invadiram o hipercentro da Capital tanto em volume como em diversidade, segundo informou o presidente da Associação dos Lojistas do Hipercentro, Pedro Bacha. Conforme o dirigente, em torno de 60% dos lojistas da região comercializam itens importados, sobretudo da China, Taiwan e Coreia.
Bacha ressaltou que já é possível encontrar nas lojas da região central roupas, calçados, bolsas, cintos, eletroeletrônicos, brinquedos e utensílios de cozinha provenientes dos países asiáticos. "Como a maioria dos estabelecimentos que atendem o público popular trabalha com importados, muitos lojistas acabam se rendendo aos produtos de baixo custo para elevar as vendas", explicou.
Os itens são adquiridos no Estado de São Paulo, onde estão muitos dos distribuidores de importados. Ainda de acordo com o dirigente, são raros os estabelecimentos mineiros que importam os produtos.
A concorrência dos itens asiáticos, segundo Bacha, é desleal em função do baixo custo da mão de obra e da matéria-prima nesses países. Ele destacou que o lojista do hipercentro de Belo Horizonte sofre com a elevada carga tributária e alto custo dos funcionários. "Os gastos precisam ser repassados ao consumidor para que os empresários tenham margem de lucro. Com isso, o produto chinês, por exemplo, se torna mais atraente", afirmou.
Conforme o dirigente, a conseqüência desse processo está no enfraquecimento da indústria nacional. "Como a demanda é reduzida, as fábricas passam a produzir em menor volume e perdem em rendimento. Muitas vezes, fechar um negócio se torna a principal opção de um empresário", avaliou.
Qualidade duvidosa - Ainda de acordo com ele, o enfraquecimento das empresas reflete negativamente nos níveis de emprego e renda e, conseqüentemente, no comércio. Além disso, Bacha ressaltou que os produtos, muitas vezes, não têm qualidade e o consumidor também passa a ser lesado.
"Para se ter uma ideia, já não existem fábricas de sombrinha e guarda-chuvas no Estado em função de o item asiático ser vendido a preço baixo no varejo da Capital. Entretanto, o produto não tem durabilidade e não traz segurança ao consumidor", avaliou.
Bacha ressaltou a importância de os lojistas mineiros passarem a valorizar o produto nacional e manter a riqueza do país no mercado interno. "A partir do momento em que importamos os itens, o recurso é destinado às nações asiáticas. E, em troca, recebemos itens de qualidade ruim. preciso manter a riqueza no Estado e elevar os nossos negócios", afirmou.
A dificuldade em tornar esse cenário realidade, segundo ele, está na valorização do real diante da moeda norte-americana. O dirigente explica que o câmbio é favorável à importação e não há expectativa de mudança do cenário nos próximos meses.
Veículo: Diário do Comércio - MG