Com Cadbury, Kraft fica mais perto dos distribuidores

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Confeitos: Produção para a Páscoa será 10% maior do que em 2010, com 25 milhões de ovos e 16 lançamentos

 

Quando se tornou presidente da Kraft Foods no Brasil há um ano, o executivo Marcos Grasso tinha uma preocupação muito clara. "Sabia que isso funcionaria se eu tivesse autonomia", disse ele ontem, durante entrevista na nova sede da empresa, na zona sul de São Paulo. Convidado pela lendária Irene Rosenfeld, CEO mundial da Kraft, Grasso foi a Londres e aceitou o posto. Era um momento em que os grupos Kraft e Cadbury já uniam suas estruturas, com a aquisição da segunda pela primeira, e ambas precisavam sair desse processo mais fortes. "Eu tinha que saber se teria liberdade para agir. Isso é importante para que todos sentissem que tínhamos um plano para a empresa no país", disse ele, que antes ocupava a função de presidente da Cadbury na América do Sul.

 

Com o sinal verde dado, Grasso deu outro ritmo à empresa, que vendeu cerca de R$ 6 bilhões em produtos no país em 2010, segundo estimativas de mercado. A Kraft Foods mudou de postura, e isso se reflete nas estratégias da companhia por aqui. Discretíssima, e nem sempre tão ágil na tomada de decisões no passado, a Kraft deve lançar no país 20 itens a mais do que no ano passado, quando o número atingiu 25. É o triplo do verificado em 2009. Nessa conta estão novas linhas e remodelagem de produtos. Além disso, no dia de hoje, a empresa anuncia os seus planos para a Páscoa: serão 25 milhões de ovos de chocolate produzidos (10% acima do ano passado) e 16 lançamentos para o período.

 

Nos corredores, há outras mudanças visíveis. Há 15 dias, Grasso se reuniu na sede com 40 distribuidores de produtos da empresa, de marcas como Club Social, Trakinas, Tang e Trident. Fez isso para apresentar projetos e mostrar que pretende estar mais próximo desses canais de distribuição. Nas últimas semanas, varejistas e atacadistas de grande porte também estiveram por lá. Reuniram-se em diversas salas feitas para esses encontros, no oitavo andar da sede inaugurada em janeiro, em São Paulo.

 

"Queremos estar em mais lugares, e nos lugares certos. Ganhamos 'expertise' nessa área com a aquisição da Cadbury", diz o executivo, que faz uma conta para mostrar aonde quer chegar. Enquanto o bombom Sonho de Valsa, da Kraft, é vendido em 280 mil pontos de venda no Brasil, há Hall's e Trident, da Cadbury, em 650 mil. Ou seja, a Kraft no Brasil não vende mais porque os seus produtos não estão à venda. O modelo de integração de estruturas de Kraft e Cadbury pode resolver essa questão, assim como o aprimoramento do modelo de gestão do novo negócio criado. É que no país, enquanto a Cadbury já usa o sistema SAP (para administrar estoques e pedidos) a Kraft ainda não implantou o software. Isso já está sendo feito.

 

Atualmente, executivos da Kraft e da Cadbury trabalham nos mesmos escritórios, em São Paulo e Curitiba. E a área de vendas já está unificada. No Brasil, a união das estruturas levou a demissão de 20 funcionários e a contratação de 200 pessoas. Essa integração é crucial para a Kraft se quiser crescer mais rapidamente por aqui. Entre 2006 e 2009, as vendas da empresa passaram de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,6 bilhões no país, alta de 35% em quatro anos, cerca de 11% ao ano.

 

Explorar mais e melhor o portfólio de marcas à venda pela Kraft no Brasil é um caminho que está sendo tomado. São mais de 100 marcas no mundo - no Brasil, existem 35. "Temos marcas muito fortes por aqui e ainda há bastante o que fazer. Não pensamos em trazer nada a mais agora", disse Grasso. A inauguração em maio da nova fábrica do grupo, em Vitória de Santo Antão (PE) que envolveu US$ 50 milhões em investimentos, ajudará nesse processo. De lá devem sair produtos, de marcas já existentes, a serem criados apenas para a venda no Norte e Nordeste do país

 


Veículo: Valor Econômico


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