A fabricante de calçados e artigos esportivos Penalty, controlada pela família Estefano, abrirá uma nova unidade na Argentina. O projeto estará na Província de Buenos Aires e exigirá investimento inicial de US$ 4,5 milhões. A empresa busca terrenos para definir a localização exata do empreendimento nos próximos dois meses e pretende inaugurá-lo no primeiro trimestre de 2012. Com isso, aumentará dos atuais 40% para até 60% o índice de conteúdo nacional em suas vendas de calçados no mercado argentino, o mais representativo para a Penalty no exterior.
"Estamos crescendo, desde 2003, cerca de 30% ao ano na Argentina. É algo avassalador para o grupo. De todos os 11 países em que estamos presentes de forma constante, foi onde mais nos expandimos nos últimos sete ou oito anos", afirma o diretor de operações internacionais da Penalty, Alexandre Estefano.
A empresa, que tem origem em uma malharia fundada em 1945 no bairro paulistano do Cambuci, já possui uma unidade de produção na Argentina.
Localizada nas imediações de Buenos Aires, a fábrica atual tem gestão terceirizada e se dedica à montagem final de calçados cujas partes são importadas principalmente do Brasil. Tem apenas 50 funcionários.
A nova unidade, que elevará o quadro de pessoal a 300 empregados, verticalizará a produção no país de suas linhas casual e esportiva. Ela se dedicará à fabricação dos cabedais - a parte superior dos calçados, destinada a proteger a parte de cima dos pés. As solas ainda virão de outros fornecedores, do Brasil e da Argentina.
O investimento corresponde, segundo Estefano, à parcela da produção em que há mão de obra mais intensiva. Ele reconhece que, além das oportunidades oferecidas pelo mercado argentino, pesaram na decisão as pressões do governo local, com a imposição de barreiras às importações. "Se é a regra do jogo, vamos seguir por esse caminho. Estamos trabalhando com o governo, e isso não é ruim."
Trata-se do mesmo caminho feito por outras calçadistas brasileiras, como a Vulcabrás, a Paquetá e o Grupo Dass. Todas levaram operações para o país vizinho a fim de driblar restrições às suas importações.
"Antes não sabíamos como as coisas começavam e terminavam. A situação tem ficado mais clara, mesmo com as barreiras, depois da chegada da ministra (de Indústria) Débora Giorgi", afirmou Estefano.
As metas da Penalty para a Argentina, que corresponde a 60% do faturamento internacional da Penalty, são ambiciosas.
Até 2014, sem considerar a inflação, espera alcançar vendas no país acima de 100 milhões de pesos (US$ 25 milhões). No ano passado, chegaram a 65 milhões de pesos.
Para crescer, a Penalty tem contado com conhecimento da marca pelos argentinos, já que chegou em 1998 e atravessou a maior crise econômica da história local sem ter deixado o país. "Isso fez com que tivemos a possibilidade de nos reerguermos mais rápido do que os nossos concorrentes", afirma o diretor.
Para fortalecer a marca, a empresa tem investido forte no patrocínio de clubes de futebol populares na Argentina, que estampam a Penalty em suas camisas e calções. Atualmente são quatro times: o portenho Vélez Sarsfield, o Gimnasia La Plata (um dos dois grandes times da capital da Província de Buenos Aires) e duas equipes menores da segunda divisão. São o Talleres Córdoba e o San Martín de Tucumán.
De acordo com Estefano, trata-se de um ótimo negócio, já que, "para os torcedores das duas cidades, são os times que mais lhes interessam".
Por meio do patrocínio da liga espanhola de futsal, a mais importante do mundo na modalidade, a Penalty está abrindo uma filial na Espanha para reforçar suas vendas. Com isso, pretende conquistar uma fatia também do mercado europeu, onde hoje atua com discrição.
A companhia hoje vende seus artigos também na América Latina, Japão e África. Além de calçados, é conhecida por seus artigos esportivos como bolas de futebol e futsal, meias e calções.
Veículo: Valor Econômico