A Continental substituirá a marca Mabe no Brasil e terá uma linha de lavadoras fabricadas no interior paulista. Além disso, a Bosch deixará de ser produzida no País para ser totalmente importada.
A estratégia do grupo mexicano Mabe - dententor da Mabe, Bosch, Continental, GE e Dako - é trabalhar com três marcas por região. "A nossa decisão está alinhada com a estratégia global da companhia, que é de trabalhar com três marcas em cada país", afirma Eduardo Mello, vice-presidente da companhia. Atualmente, a Mabe responde por 8% da receita do grupo.
De acordo com o executivo, a opção feita pela empresa na escolha das marcas para o Brasil levou em consideração a relevância da marca, a redução da complexidade fabril em 30% e, principalmente, o maior foco na atuação em todas as classes sociais. "A GE atende a classe A, enquanto a Continental, as classes B e C. Já os produtos da Dako vão concorrer junto aos consumidores de menor poder aquisitivo", explica Mello.
Já para a Bosch, Mello afirma que, mesmo com a produção local, muitos produtos continuavam vir de fora, por isso o grupo optou pela importação total dos produtos da marca, que correspondem a menos de 10% do faturamento da companhia no Brasil. "Sem produção local, a participação da Bosch será de menos da metade da representação atual na nossa receita", disse.
O grupo mexicano investiu mais de R$ 160 milhões em reestruturação e novos produtos. O aporte, iniciado em 2010, será aplicado até o restante deste ano. A grande aposta da empresa, que pretende crescer 8% este ano, será a linha branca com a marca Continental, que representa 40% do faturamento da fabricante no Brasil. "A marca de maior potencial de crescimento no Brasil é a Continental" diz o executivo.
Segundo Mello, a companhia deve assumir uma postura agressiva para brigar com as concorrentes, Brastemp, Consul e Electrolux, dentro de uma categoria na qual ainda não estava presente: a de lavadoras. O grupo renovou 70% do portfolio da Continental, que passa a fabricar, na unidade de Itú (SP), lavadoras de roupas.
Apesar de eliminar a produção local de duas marcas, a empresa afirma que não alterará a estrutura fabril no País, que conta com cinco fábricas no interior paulista - duas unidades em Itu; duas plantas em Hortolândia e uma em Campinas. "O que vai acontecer é uma especialização das plantas, e com a nossa expectativa positiva quanto às vendas, vamos ganhar mais capacidade produtiva" diz Mello.
Para consolidar sua presença no mercado brasileiro de linha branca, o Grupo Mabe faz ainda a renovação do portfolio da marca GE em 45%. O Brasil, que representa 30% da receita global da empresa, com faturamento de R$ 1,9 bilhão em 2010, terá 115 novos itens da companhia.
A reorganização dos negócios da multinacional foi desenhada a partir da aquisição da BSH Brasil, em 2009, quando a Mabe incorporou a marca Continental e obteve o direito de vendas sob licença da marca Bosch, que continua em vigor. "Optamos por focar nosso trabalho nas marcas mais fortes de linha branca para trazer produtos e tecnologias que atendam as reais necessidades regionais", diz Luis Berrondo, presidente mundial do Grupo Mabe.
Ainda de acordo com Mello, a expectativa positiva da companhia em relação à categoria de linha branca está na relacionada aos resultados alcançados pela fabricante no primeiro bimestre do ano. "Cremos em uma retomada do crescimento, como em 2009, quando vínhamos de uma condição de redução de IPI para linha branca, e sem o fator Copa do Mundo, que no ano passado abocanhou parte das vendas em eletrodomésticos para a linha marrom."
Veículo: DCI