Captação de leite tem queda de 2% em MG

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Fatores climáticos desfavoráveis registrados em Minas Gerais entre janeiro e março provocaram quedas nos volumes de captação do leite e contribuíram para elevar os preços do produto. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a captação apresentou recuo próximo a 2% entre janeiro e fevereiro, enquanto o preço bruto pago pelos laticínios aumentou 4,37% em março, referente à produção entregue em fevereiro. A valorização nos preços do leite em Minas foi a maior do país. A tendência para os próximos meses é de novas altas.

 

De acordo com o analista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, tanto a estiagem registrada entre janeiro e fevereiro com as chuvas interferiram no nível de produtividade do rebanho leiteiro do Estado. Em função da estiagem a qualidade das pastagens foi comprometida, o que obrigou o produtor a investir na compra de ração. Os custos elevados com concentrado, devido à valorização do milho e da soja, prejudicaram a alimentação dos bovinos, reduzindo o nível de produtividade.

 

Várias regiões do Estado também enfrentaram problemas com o escoamento devido às chuvas, que comprometeram as condições de tráfego das estradas, impedindo muitas vezes o acesso de caminhões coletores às fazendas. Nestes casos, o leite é descartado.

 

Segundo os dados do Cepea, em março, a média de preço pago pelo leite aos produtores brasileiros aumentou 2,9% frente ao mês anterior. O litro de leite na média dos Estados produtores ficou em R$ 0,7585 (valor bruto). A média corresponde ao preço ponderado pelo volume produzido nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Bahia.

 

O reajuste foi motivado pela menor oferta de leite. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o valor médio teve alta de 6%, já descontada a inflação. Desconsiderando a inflação, a alta foi de 12% em relação a fevereiro de 2010.

 

Pesquisadores do Cepea observam que os preços dos grãos em patamares ainda elevados em fevereiro aumentaram os gastos com alimentação concentrada, principal item nos custos de produção.

 

O poder de compra do produtor de leite frente ao concentrado diminuiu 22% em relação a fevereiro do ano passado, ou seja, para adquirir uma tonelada de concentrado, em fevereiro de 2011, precisou comercializar uma quantidade maior de leite.

 

Além de Minas Gerais, a captação de leite apresentou recuou em quase todos os estados da pesquisa do Cepea, com exceção da Bahia, que se manteve praticamente estável. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) registrou queda de 2,6% entre janeiro e fevereiro. A queda no Estado foi de 1,9%.

 

A maior variação de preços pagos aos produtores em março foi registrado em Minas Gerais, de 4,37% ou 3,2 centavos por litro, com a média de R$ 0,7604 por litro. O preço máximo pago pelo litro de leite no Estado foi de R$ 0,84 e o mínimo de R$ 0,66. O incremento mais significativo nos preços foi registrado no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, onde o índice alcançou alta de 6,63% e a média paga pelo litro chegou a R$ 0,82.

 

Nas demais regiões pesquisadas também foi registrado incremento nos preços. No Sul e Sudeste de Minas a alta foi de 3,98%, com preço máximo de R$ 0,78, mínimo de R$ 0,64 e média de R$ 0,72. Na região do Vale do Rio Doce a variação positiva foi de 2,42% e os preços médios por litro de R$ 0,73.

 

Março - A queda na produção e a elevação dos preços em Minas Gerais também foi observada pelo levantamento elaborado pela Scot Consultoria. De acordo com o analista Rafael Ribeiro, em março foi registrada valorização de 1% sobre os preços praticados em fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre a queda na captação variou entre 5% e 10% dependendo da região produtora do Estado. O litro do leite foi comercializado em média a R$ 0,76.

 

"Mesmo com a valorização dos preços do leite, a rentabilidade do produtor ainda é reduzida devido ao encarecimento dos custos com a alimentação dos bovinos, que foi impulsionado pela alta do milho. A tendência para os próximos meses é de novas altas nos valores de comercialização, uma vez que a atividade leiteira entra na entressafra a partir de meados deste mês com a chegada da seca e do frio o que reduz a oferta de pastagem", disse Ribeiro.

 

Alguns derivados lácteos também tiveram alta em março, como leite UHT e queijo muçarela. Além disso, a valorização do leite cru no mercado pode sustentar ou elevar os preços pagos aos produtores no próximo pagamento.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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