Preocupados com o aumento dos prejuízos e com a falta de uma solução por parte do Ministério da Agricultura, produtores de arroz pediram ontem ao presidente em exercício, Michel Temer, que suspenda a compra de grãos de países do Mercosul e uma nova ferramenta que substitua o instrumento do preço mínimo, avaliado hoje como insuficiente. Em reunião, que contou com parlamentares do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e com representantes de trabalhadores rurais, o grupo de produtores solicitou o reescalonamento da dívida passada e que os cortes do Orçamento não atinjam os mecanismos de regulação de estoque de arroz.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, admitiu que, apesar das tentativas, o governo não encontrou uma forma de sensibilizar o mercado de arroz, que tem levado a cotação dos preços para baixo.
"Temos toda a disposição de ajudar, mas não encontramos uma forma, ainda, de dar segurança à cadeia do arroz", afirmou, ao chegar ao Palácio do Planalto para tratar com o presidente em exercício, Michel Temer, do novo Código Florestal.
Engrossando o tom de voz, Rossi denunciou que o setor de comercialização não está ajudando no processo de elevação dos preços pagos ao produtor. "Não é correto deixar tudo nas costas dos produtores. O setor de comercialização está sentado em cima dos estoques e precisava ter uma posição mais solidária", criticou.
Sobre a possibilidade de usar o arroz para a produção de álcool, uma das propostas levadas pelo grupo de produtores, parlamentares e trabalhadores a Temer, Rossi disse ser uma medida possível, mas que não geraria resultados imediatos, o que os rizicultores precisariam neste momento. "Isso é mais para médio e longo prazos", declarou o ministro.
Na avaliação do deputado federal Jeronimo Goergen (PT/RS), o Brasil já produz o suficiente para atender a demanda doméstica, e a entrada de arroz de outros países vizinhos tem feito com que o produtor registre uma perda em sua renda. Pelos cálculos do presidente da Federarroz, Renato Rocha, no último ano o Brasil importou 1 milhão de toneladas do produto. "E nós com o produto sobrando no mercado interno", comparou Rocha.
A segunda proposta é a criação de um preço-meta, que viria a substituir o preço mínimo para o grão. Conforme os produtores, o custo de produção atualmente é R$ 29 a saca, enquanto o preço médio obtido no mercado em torno de R$ 19. O preço mínimo para o produto está em R$ 25,80.
Veículo: DCI