Algodão caro estimula uso de nova fibra de linho

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Pressionada pela alta nos preços do algodão, a HanesBrands Inc., uma fabricante americana de roupas com faturamento anual de US$ 4,3 bilhões, resolveu apostar na criação de novos produtos com fibra de linho.

 

No mês passado, a Naturally Advanced Technologies, pequena fabricante americana de tecidos sustentáveis, anunciou um contrato de dez anos com a Hanes para "comercializar" a fibra - que nos Estados Unidos é em geral descartada após a extração da semente e do óleo da planta, usados em alimentos naturais e produtos industriais.

 

Fabricantes de roupas estão sempre em busca de fibras alternativas que melhorem o desempenho ou derrubem custos. Mas a decisão da Hanes, famosa por roupas íntimas e esportivas de algodão, mostra a urgência de se levarem mesclas experimentais ao mercado em meio à alta dos preços do algodão. Desde o início do ano de comercialização, em agosto, a cotação do algodão mais do que dobrou.

 

Cerca de 60% dos produtos da Hanes contêm pelo menos 90% de algodão. Numa teleconferência em janeiro, o diretor-presidente da empresa, Richard Noll, disse que o custo de matéria-prima, sobretudo o do algodão, deve elevar os preços de certas peças em até 30% até o fim do ano.

 

"Nitidamente, estão todos buscando algo que possa substituir o algodão na confecção", diz Ken Barker, diretor-presidente da Naturally Advanced Technologies (NAT), que prevê que seu produto de fibra de linho, o Crailar, vá virar um nome tão conhecido como Lycra.

 

A NAT não quis dar o nome de outras empresas com as quais está trabalhando, mas informou estar em negociações com uma dezena de marcas mundiais bastante conhecidas.

 

Nem a Hanes nem a NAT revelaram os termos financeiros do acordo. Informaram apenas que a Hanes decidira, no começo do ano, comprar até US$ 375.000 em fibra de linho da NAT, pedido que absorveu o grosso da capacidade da empresa.

 

Hoje, a NAT está produzindo em instalações em "escala piloto" em Kingstree, na Carolina do Sul. Até o fim do ano, pretende inaugurar a primeira fábrica a plena escala, o que permitiria que produzisse quase 160 toneladas de fibra de linho por semana.

 

Matt Hall, porta-voz da Hanes, diz que o linho representará cerca de 20% da composição têxtil de um pequeno subconjunto de artigos da empresa, provavelmente a partir do terceiro trimestre.

 

Embora a Hanes tenha os direitos exclusivos do uso do Crailar em roupas íntimas e esportivas, Barker diz que outros fabricantes de vestuário, sobretudo de jeans, também mostram interesse em usar a fibra para compensar parte do impacto da alta dos preços do algodão.

 

Barker diz que o Crailar é 30% a 40% mais barato do que o algodão, hoje cotado a US$ 75,72 por arroba, de acordo com o índice Cotlook, um indicador do preço mundial do algodão.

 

Em 2005, o Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA descobriu, num estudo, que quando a fibra do linho é misturada ao denim, o tecido seca mais depressa e absorve a umidade do corpo.

 

A fibra há muito é usada na confecção de linho. Mas a NAT a trata com uma enzima que quebra parte do material rígido que faz o linho amassar, a lignina. Isso deixa a fibra mais macia e flexível.

 

Agora, a Hanes está fazendo pesquisas de mercado para descobrir como promover a mescla de fibras para o consumidor fanático pelo algodão.

 

"Esse produto não vai ser promovido necessariamente com base apenas no custo inferior", diz Hall. "Se houver outras vantagens - se houve algo no toque, algo de elasticidade -, vamos colocar tudo isso na equação."

 

Barker, da NAT, diz que em testes uma camiseta com 80% algodão e 20% de Crailar mostrou mais resistência à tensão e absorção de umidade e encolheu menos.



Veículo: Valor Econômico


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