Lojas Avenida busca sócio e prepara IPO

Leia em 4min 10s

Aos 35 anos, o novo presidente da Lojas Avenida, Rodrigo Caseli, nem pensa em vender o negócio da família, criado em 1978 como uma loja de tecidos. Ao contrário. "Começamos a cortejar agora", diz o empresário, sobre a possibilidade de aquisições. Caseli assumiu o comando da varejista mato-grossense de vestuário há sete meses, no lugar do pai, hoje à frente do conselho de administração. A varejista, com foco nas classes C e D, prepara-se para receber um fundo de investimento como sócio, o que dará fôlego a aquisições e a um plano agressivo de crescimento orgânico a ser cumprido até 2015, quando a rede quer fazer a sua oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês).


O plano, iniciado há dois anos, é vender, até agosto, parte da empresa a um fundo de private equity e captar R$ 150 milhões. "Estamos em um patamar intermediário entre as grandes redes de vestuário e os pequenos competidores locais", diz Caseli. "Precisamos crescer para não sermos comprados".

 

A rede, que também vende roupa de cama, mesa e banho, contratou o banco UBS como assessor financeiro e o escritório Machado Meyer Sendacz Opice como assessoria jurídica para a operação. Capitalizada, a Lojas Avenida - dona de 71 lojas em 10 Estados e com faturamento de R$ 350 milhões previsto para este ano - quer chegar a 2015 com R$ 1 bilhão em vendas, R$ 100 milhões de lucro líquido e cerca de 170 lojas, incluindo Lojas Avenida e Giovanna Calçados, outra rede do grupo. Em 2010, faturou R$ 260 milhões.

 


"Com o Projeto 1.115, nosso plano é ser uma empresa nacional", diz Rodrigo Caseli, o filho do meio do fundador Aílton. Os outros dois irmãos, Christian e Giovanna, deixaram os cargos administrativos e agora ocupam cadeiras no conselho de administração. "Aos 64 anos, meu pai já fez a transição de comando", diz o empresário. O futuro sócio dos Caseli deverá ter dois assentos no conselho da Lojas Avenida, cujo balanço é auditado pela Ernst & Young há três anos.

 

Enquanto o novo sócio não chega, a rede faz mudanças estratégicas. Abre no fim do mês seu escritório de compras e negócios em São Paulo, onde ainda não atua. "Os grandes fornecedores estão na capital paulista, onde pretendemos abrir lojas até 2013", diz Caseli, que contratou Sérgio Barreto, ex- C&A, como diretor de compras.

 

Outra iniciativa relevante está na unificação dos atuais cinco centros de distribuição (CDs), em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rondônia e Espírito Santo. "Estamos construindo um único CD em Campo Grande, de oito mil metros 2, que vai nos permitir ter maior controle de qualidade", diz Caseli. As instalações devem estar concluídas no primeiro semestre, quando o empresário pretende atingir uma redução de 15% nos estoques das lojas.

 

Segundo Caseli, ter CDs em diferentes Estados não é garantia de rapidez no abastecimento. Depois de receber a mercadoria no CD, a Lojas Avenida separava os lotes de roupas a ser entregues a cada loja, tarefa feita por terceiros. "A transportadora só saía depois de toda a carga completa, mas parte do estoque estava em outro CD e era preciso esperar essa mercadoria", diz.

 

Além disso, a empresa conta com incentivos fiscais para manter o seu único CD no Mato Grosso do Sul, o que deve garantir uma economia de R$ 2 milhões ao ano.

 

Este ano, a empresa está investindo R$ 15 milhões para abrir 12 lojas, sete delas em shoppings. Hoje, apenas um quinto dos pontos de venda estão em centros de compra. "Os shoppings serão os vetores do nosso crescimento orgânico a partir de agora", diz o diretor de expansão da Lojas Avenida, Boris Timoner. Um desses novos pontos será no shopping Norte Sul, em Campo Grande, com inauguração prevista para maio. Será a primeira loja-conceito da rede, com um portfólio maior e lay out novo.

 

"Estamos construindo um modelo para brigar com os grandes", diz Caseli, referindo-se aos maiores concorrentes em varejo de vestuário - Renner, Riachuelo, Marisa e C&A. Ironicamente, o primeiro salto da rede surgiu a partir da crise em um dos seus grandes competidores, a Casas Pernambucanas.

 

Até o fim dos anos 90, a família Lundgren havia dividido a Pernambucanas em três matrizes: Rio, São Paulo e Recife, diz Caseli. "Mas Recife foi incorporada pelo Rio, que mais tarde fechou. Com isso, muitos pontos da empresa no Centro-Oeste fecharam também, o que foi uma oportunidade para nós". A Lojas Avenida, que até 1998 tinha apenas sete pontos de venda no Mato Grosso, "perdeu o medo de crescer" e começou a expansão para fora do Estado, diz Caseli. Quem capitaneou o movimento foi o fundador, Aílton Caseli, que durante 15 anos trabalhou na Pernambucanas no Espírito Santo, até ser transferido para Cuiabá.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Philips vende 70% da unidade de TV

A Royal Philips Electronics cederá o controle de sua unidade de TV para uma empresa asiática, somando-se a...

Veja mais
Nestlé compra 60% do Yinlu, da China

A Nestlé, maior empresa alimentícia do mundo, acertou a compra de uma participação de 60% no...

Veja mais
Para vender mais no calor, Kraft revê embalagem de Sonho de Valsa

A cada minuto cerca de 1,1 mil Sonhos de Valsa são vendidos no mercado brasileiro, segundo a Kraft Foods Brasil, ...

Veja mais
Clima deve estender a oferta de laranja da safra 2011/12

A disponibilidade de laranja da temporada 2011/12, principalmente a pêra, será maior somente a partir de ag...

Veja mais
Com Facebook, rede Extra adota sistema para ativar ofertas

Fora os avanços em busca de serviços que estejam alinhados a novidades e tendências tecnológi...

Veja mais
Piracanjuba moderniza embalagens

O Laticínios Bela Vista, detentor da marca Piracanjuba - uma das maiores do segmento lácteo brasileiro &nd...

Veja mais
Massa fresca e 'lámen' puxam categoria

As vendas de macarrão instantâneo e de pasta fresca salvaram o setor de massas em 2010, segundo levantament...

Veja mais
O avanço dos centros de distribuição

O abastecimento da cidade de São Paulo exige cada vez mais operações em centros de logística...

Veja mais
Brasil dobrará a exportação de frango à China neste ano

País recebe pedido chinês para habilitar 41 novas plantas de abate de aves em 2011 e o volume de embarques ...

Veja mais