Estratégia dos pequenos é atender clientes com atenção diferenciada
Estar próximo de casa, ter liberdade de opinar e ser bem atendido. Estes são alguns motivos que levam os moradores a preferir o mercado de bairro na hora de fazer compras. Dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os supermercados que operam com 5 a 9 caixas registraram aumento de 13,8% no faturamento - já descontada a inflação média de 5,04% do período.
De olho neste consumidor, as pequenas redes de supermercados estão se antecipando às ações das grandes redes e abrindo novos negócios. No Vale do Itajaí, pelo menos quatro novas filiais serão abertas ainda neste ano.
Conforme a pesquisa, a faixa de lojas com 10 a 19 checkouts obteve alta real de 11,3%, enquanto os hipermercados com mais de 50 caixas caíram 11,8% em termos reais. A maioria deles, com área entre 150 metros quadrados a 300 metros quadrados, com até nove caixas, voltadas para a clientela dos bairros.
Segundo o consultor, economista e especialista em psicologia e comportamento de consumo de Blumenau, Ralf Collete, as lojas de vizinhança têm uma arma poderosa contra as grandes redes: o conhecimento dos hábitos de cada consumidor. Com isso, podem oferecer um atendimento personalizado, identificar a cultura local e conseguir suprir as lojas com produtos e serviços mais adequados ao público.
Uma boa parte dos minimercados de bairros, por exemplo, entrega as compras do consumidor em casa e, em casos especiais, se o cliente não achar o produto na gôndola, manda entregar depois. Situação incomum em hipermercados.
- Para o consumidor, as lojas de vizinhança são um bom negócio. Uma única desvantagem estaria nos preços, que são um pouco mais caros. Mas o consumidor parece não estar muito preocupado com isso, porque compensa na questão do relacionamento maior. O consumidor deixa de ser mais um e passa a ser uma espécie de sócio, onde suas necessidades são ouvidas - acrescenta o consultor.
O vice-presidente da Associação Catarinense de Supermercados para o Vale do Itajaí, Joel da Costa, diz que os hipermercados não conseguem alcançar o contato com o consumidor, ou seja, não criam a empatia que os pequenos têm - principalmente, por conta da dimensão da loja.
- Com maior proximidade, os pequenos estão tendo mais lucratividade e sendo mais eficientes - considera. Este rol de facilidade aliado à estabilização da moeda - registrada nos últimos quatros anos - mudou o hábito do consumidor.
Há alguns anos, as famílias faziam uma grande compra por mês, o chamado rancho. Agora, segundo o presidente da Associação dos Supermercados do Vale do Itajaí (Assuvali), Libardoni Fronza, a frequência é de quatro compras mensais, o que acaba gerando maior movimento nas lojas mais próximas das residências e a necessidade de ampliações para melhor atender o público.
Veículo: Diário Catarinense